sábado, 30 de maio de 2009

Missão especial na Alemanha

28 de maio de 2009

Missão especial na Alemanha

Por Sergio Ulhoa Dani

Analisar amostras de poeira, lama e sedimentos produzidos pela
mineração de ouro a céu aberto estão entre os objetivos da minha
viagem à Alemanha. Embarquei ontem para o país onde concluí meu
doutorado em Medicina há 15 anos, levando as amostras colhidas em
Paracatu.

As amostras de poeira foram colhidas em 20 pontos diferentes da
cidade, juntamente com uma pesquisadora da Universidade Federal de
Minas Gerais. Cada amostra foi colhida em duplicata, para garantir
confiabilidade, segurança e reproducibilidade dos resultados. As
duplicatas serão analisadas por uma equipe do Departamento de Química
da UFMG, em Belo Horizonte, e por outro laboratório especializado na
Alemanha.

Além das amostras de poeira, foi colhida uma amostra do sedimento
junto aos drenos da atual barragem de rejeitos da mineradora
transacional canadense, RPM/Kinross, no que restou do Córrego Santo
Antônio, represado pela mineradora. A análise da composição do
sedimento - aquele barro depositado no fundo do córrego - é uma forma
robusta de se determinar a poluição das águas pela mineração, porque o
sedimento é uma espécie de "memória" da água poluída que o produziu.

Uma amostra da lama que cai dos veículos da mineradora nas ruas da
cidade também foi colhida e enviada para análise. Apesar das
constantes reclamações e manifestos da população, até hoje a
mineradora não atendeu à exigência de não permitir a saída de veículos
contaminados da mina. A lama que se desprende dos veículos cai nas
ruas da cidade e junta-se à poeira gerada pela atividade de lavra a
céu aberto, agravando a poluição do ar que se respira em Paracatu.

As análises da Alemanha fazem parte de um estudo maior e independente,
conduzido pelo Instituto Medawar de Medicina Ambiental da Fundação
Acangaú, que visa quantificar o impacto da intoxicação crônica da
população de Paracatu por arsênio e outros poluentes liberados pela
mineração de ouro a céu aberto na cidade.

Há mais de 20 anos o monitoramento da poluição gerada pela mineração
em Paracatu é feito pela própria mineradora. Esse "auto-monitoramento"
é aceito pelas autoridades ambientais do Estado de Minas Gerais. Nos
Estados Unidos, a comunidade de Buckhorn, liderada por David Kliegman,
exigiu e conseguiu que a Kinross pagasse pelos monitoramentos
independentes.

Enquanto isso ainda não acontece no Brasil, a Fundação Acangaú tomou a
iniciativa, como uma missão especial internacional.

-- 
Sergio Ulhoa Dani
Tel. 00(XX)49 15-226-453-423
srgdani@gmail.com

--
Serrano Neves
Procurador de Justiça

2 comentários:

  1. Parabéns mais uma vez Sérgio e Serrano Neves por todo esse trabalho que vocês vem desenvolvendo na nossa QUERIDA E ETERNA PARACATU. Estou aqui na luta a favor das nossas SANTAS ÁGUAS DE PARACATU. Muita Sáude a vocês e fiquem com DEUS!!! Forte abraço do amigo Thalles Ulhoa

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  2. Olá Thalles,

    obrigado pelo comentário. Parece que seu e-mail está com problemas. Por favor confirme seu e-mail, enviando uma mensagem para srgdani@gmail.com.

    Abraços,
    Sergio

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