sábado, 27 de fevereiro de 2010

Mineradora transnacional não recupera todo o arsênio tóxico liberado

Mineradora transnacional não recupera todo o arsênio tóxico liberado

Por Sergio U. Dani, de Göttingen, Alemanha, 27 de fevereiro de 2010

Um estudo feito em colaboração entre a mineradora RPM-Rio Paracatu
Mineração e o CETEM-Centro de Tecnologia Mineral [1] mostra que o
processo de hidrometalurgia utilizado pela mineradora em Paracatu não
é capaz de recuperar todo o arsênio tóxico que ela libera do minério
arsenopirita.

O ouro na mina a céu aberto de Paracatu ocorre juntamente com a
arsenopirita, um mineral sulfetado de arsênio de fórmula química
FeAsS. O concentrado gravitado de ouro possui uma composição média de
58,3 g de ouro por tonelada, 15,2% de ferro (Fe), 21,9% de enxofre (S)
e 11% de arsênio (As).

Enquanto a recuperação média de ouro no circuito da hidrometalurgia
varia de 40% a 80%, a recuperação máxima do arsênio é de apenas 30%.

Isso quer dizer que 70% ou mais do arsênio não são recuperados. A
baixa taxa de flotabilidade da arsenopirita pode ser atribuída à
formação de espécies de óxidos de ferro sobre a superfície do sulfeto
ou arsenopirita.

A reação do oxigênio com a superfície da arsenopirita é rápida e muito
facilitada, e produz espécies altamente tóxicas de óxidos de arsênio.

O uso de nitrogênio no lugar do oxigênio na função de gás para
flotação pode aumentar a recuperação de arsenopirita, porém a
recuperação nunca é total. Isso significa que o arsênio da
arsenopirita, incluindo os compostos mais tóxicos, é descartado junto
com os rejeitos.

O Sr. Luis Albano Tondo, funcionário da RPM-Kinross, é co-autor desse
artigo. A RPM é subsidiária integral da transnacional canadense
Kinross Gold Corporation.

Referência:

[1] Monte MBM, Lins FF, Dutra AJB, Albuquerque CRF, Tondo LA. The
influence of the oxidation state
of pyrite and arsenopyrite on the flotation of an auriferous sulphide
ore. CT2002-195-00 Comunicação técnica elaborada para o periódico
Minerals Engineering. CETEM-Centro de Tecnologia Mineral,
MCT-Ministério da Ciência e Tecnologia, Coordenação de Inovação
Técnológica - CTEC, Rio de Janeiro, Dezembro/2002.

--
Sergio Ulhoa Dani, Dr.med. (DE), D.Sc. habil. (BR)
Göttingen, Germany
Tel. 00(XX)49 15-226-453-423
srgdani@gmail.com

Visit the Acangau Foundation websites at:
http://www.sosarsenic.blogspot.com/
http://www.acangau.net/
http://www.alertaparacatu.blogspot.com/
http://www.serrano.neves.nom.br/

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Estudos científicos revelam novos riscos do arsênio

Estudos científicos revelam novos riscos do arsênio

Um estudo publicado este mês na revista Science of the Total
Environment mostra que mesmo pequenas quantidades de arsênio presentes
no solo aumentam a incidência e prevalência de demencias como a doença
de Alzheimer.

O estudo conduzido por Sergio Dani, do Instituto Medawar de Paracatu,
é uma meta-análise dos dados do levantamento geológico de arsênio
feito pelo projeto FOREGS, juntamente com os dados de incidência e
prevalência de demências fornecidos pelo estudo de Delphi e os dados
de mortalidade e morbidade da OMS para países da Europa. A partir de 7
ppm (partes por milhão) de arsênio no solo aumenta exponencialmente a
prevalência de demência, informa Dani.

O número de publicações científicas sobre arsênio tem aumentado em um
ritmo maior que o das publicações sobre mercúrio, cádmio e chumbo,
considerados os principais poluentes metálicos. O aumento do número de
publicações sobre arsênio reflete a gravidade da contaminação
ambiental e os riscos da exposição crônica a este metalóide. A
exposição crônica ao arsênio causa diversas doenças, como câncer,
diabetes, doenças vasculares e demências.

Paracatu e Nova Lima são as cidades brasileiras mais contaminadas por
arsênio, em decorrência da mineração de ouro nestas cidades. Enquanto
países como Canadá não permitem contaminação dos solos por arsênio
acima de 5 ppm, em alguns bairros de Paracatu e Nova Lima a
concentração de arsênio nos solos chega a 13000 ppm. Em Paracatu, a
responsável pela contaminação é a empresa canadense RPM/Kinross, que
conta com o apoio de um punhado de autoridades governamentais
brasileiras.

Fonte:
http://sosarsenic.blogspot.com/2010/02/mimer-notes-february-14-2010.html
http://sosarsenic.blogspot.com/2010/02/arsenic-for-fool.html

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Clóvis, um desbrasileiro

Clóvis, um desbrasileiro

Por Sergio U. Dani, de Göttingen, Alemanha, 7 de fevereiro de 2010

Clóvis Torres é proprietário e representante legal de sete áreas na
região do Machadinho, em Paracatu, e está pedindo socorro. A
RPM/Kinross, mineradora transnacional canadense, quer expulsá-lo de
sua terra para transformar tudo num imenso lixão de veneno.

"Estamos vivendo dias de angústia e de perseguição. A RPM não
respeita os moradores da região, ela busca apenas soluções de seu
próprio interesse", desabafa Clóvis.

Dia 04 de dezembro do ano passado, Clóvis e sua família foram
despejados pela RPM/Kinross. Por decisão judicial, foram depois
reintegrados nas suas posses.

Mas a ameaça continua. Clóvis está sendo encurralado e tocado como
gado para o mesmo moinho que já triturou tantos outros paracatuenses,
destruiu tantas vidas, tantos sonhos, tantos passados, presentes e
futuros. Até quando?

Até quando durará a saga de perseguição, expulsão e morte dos
paracatuenses, e a ameaça de poluição iminente e irreversível do Vale
do Machadinho, a caixa d'água potável mais antiga de Paracatu, fonte
preciosa de vida, na bacia do São Francisco?

Quantos ainda precisarão sofrer e morrer, para que finalmente vejam
que não valeu a pena entregar nossa vida às pirataria nacional e
estrangeira?

Até quando esse Brasil será a terra-sem-lei, das leis-para-inglês-ver?
o país mais injusto do mundo? o país do faz-de-contas? do salve-se
quem puder? do manda quem pode, obedece quem tem juízo? ao mesmo tempo
o banco e a latrina do mundo? o porão dos escravos? o depósito dos
desbrasileiros?

A Terra é dona da Terra. A cada corte no Morro das Cruz das Almas geme
um espírito que clama por justiça, essa miragem que parece
inatingível. Mas ela virá, e atingirá a terra e os homens com
assombrosa força e sagrado jeito, porque é lei universal, superiora e
vinculante. Aqui se faz, aqui se paga.

--
Sergio Ulhoa Dani, Dr.med. (DE), D.Sc. habil. (BR)
Göttingen, Germany
Tel. 00(XX)49 15-226-453-423
srgdani@gmail.com

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sábado, 6 de fevereiro de 2010

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"A injustiça e a violência que vêm sendo perpetradas sobre o povo de Paracatu e sobre o meio ambiente clama aos céus. É um pecado contra o Espírito Santo e um crime hediondo." Frei Gilvander Moreira.