segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Exames e testes clínico-laboratoriais para diagnóstico e avaliação da intoxicação crônica por arsênio.

Sergio Ulhoa Dani (*)

(*) Médico, doutor em medicina, livre-docente em Genética. Médico no Hospital das Clínicas da Universidade de Heidelberg, Alemanha, 26 de fevereiro de 2011.

Arsênio é um metalóide venenoso presente em concentração variável na crosta terrestre. Algumas regiões do planeta apresentam concentrações de arsênio acima da média mundial, essas são geralmente as regiões onde existem ou existiram atividades naturais de vulcanismo, fontes geotermais, ou mineração e atividades industriais associadas à mineração.

Quais são as fontes atuais mais importantes de poluição por arsênio?
Atualmente, a fonte mais importante de liberação de arsênio para a atmosfera, os solos e as águas e consequentemente a intoxicação crônica das pessoas, animais e plantas é a mineração de ouro numa rocha dura chamada arsenopirita. Mineração e queima de carvão mineral e petróleo são, respectivamente, a segunda e a terceira fontes atuais mais importantes. O consumo de água subterrânea contaminada por arsênio também é uma fonte importante de intoxicação crônica em vários países. A gravidade da intoxicação crônica por arsênio aumenta com a concentração desse veneno no ambiente e o tempo de exposição. O número de pessoas intoxicadas atualmente já supera as centenas de milhões, caracterizando o arsênio como um dos mais perigosos poluentes em todo o mundo.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Sintomas da intoxicação crônica por arsênio em Paracatu.

Sergio U. Dani, de Heidelberg, Alemanha, 22 de fevereiro de 2011.

Se você mora em Paracatu e apresenta um ou mais dos seguintes sintomas:

. manchas claras ou escuras na pele,
. manchas claras nas unhas,
. pele "cascuda", principalmente nas palmas das mãos e dos pés,
cotovelo e joelhos,
. insônia,
. sonolência,
. irritabilidade,
. dor de cabeça,
. perda de memória ou "memória fraca",
. câimbras nos músculos das extremidades,
. sensação de formigamento, perda de sensibilidade, ou dor nas extremidades,
. fadiga muscular,
. perda da capacidade auditiva ("surdez"),
. perda da capacidade gustativa ("não sente bem os gostos"),
. vista embaçada,
. fraqueza,
. alterações no exame de sangue, como anemia, etc.,
. infecções repetidas, gripe com complicações, uso recorrente de
antibióticos, etc.
. diarréia,
. hepatomegalia (aumento do tamanho do fígado),
. pressão alta do sangue,
. alteração no eletrocardiograma (por exemplo, prolongamento do intervalo QT),
. alteração nos vasos do coração (conforme visto na sonografia cardíaca),
. infertilidade ou abortos repetidos,
. tosse crônica,
. asma,
. diabetes ou "açúcar no sangue",
. problema nos rins (por exemplo, diminuição da relação uréia/creatinina no plasma, insuficiência renal, inchaço nas pernas, alterações nos rins demonstradas pela sonografia, etc.),
. filho ou filha com problema neurológico ou malformação congênita,

então você pode estar apresentando sinais da intoxicação crônica por arsênio.

A concentração de arsênio no ar de Paracatu é alta por causa da mineração de ouro a céu aberto da mineradora transnacional canadense Kinross Gold Corporation. O arsênio está presente na rocha da mina.
Quando a mineradora quebra e mói a rocha, ela libera o arsênio para o ambiente na forma de poeira e gás. Arsênio não tem cheiro, nem gosto, nem cor. Os efeitos da intoxicação crônica por arsênio a longo prazo incluem diversas formas de câncer, doenças cardiovasculares, doenças
renais e doenças neurológicas, como a doença de Alzheimer.

A intoxicação crônica da população de Paracatu causada pelo arsênio liberado pela Kinross é um crime. Não aceite que a mineradora diga que "o arsênio está dentro dos limites da lei". Isso é uma mentira, simplesmente porque não existe dose segura para a exposição ao arsênio.

Procure seu médico, seu advogado e os Promotores de Justiça.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Mineração e decadência

Sergio U. Dani, de Heidelberg, Alemanha, em 20 de fevereiro de 2011.

O geólogo Marcio Santos escreve sobre os impactos irreversíveis da mineração de ouro em Paracatu no artigo intitulado "Mineração e decadência" (leia o artigo em:
http://professor-marciosantos.blogspot.com/2011/02/mineracao-e-decadencia.html).

A comparação das fotos que postou mostra o vermelho e o cinza em Gongo Soco e o acinzentado da arsenopirita em Paracatu. A mina de Paracatu é a maior mina de ouro do Brasil, a maior a céu aberto, a que tem o menor teor de ouro do mundo e a maior quantidade de arsênio, tudo isso no perímetro urbano de uma cidade de 100 mil habitantes a 200 km da capital federal, na bacia do principal tributário do Rio São Francisco. Estão liberando 1 milhão de toneladas de veneno que estava guardado na rocha há bilhões de anos, com o apoio de autoridades governamentais brasileiras e canadenses, afetando uma vasta população indefesa. A quantidade de veneno liberada seria suficiente para exterminar toda a humanidade. Por enquanto, está servindo para aumentar cronicamente o número de mortes por câncer, aborto espontâneo e outras doenças em Paracatu. O aumento da violência em Paracatu, conforme descrito pelo geólogo, pode não ser apenas fruto da injustiça sócio-econômica, pois comportamento violento também é descrito na literatura científica como um dos efeitos da intoxicação crônica por arsênio. Suspeita-se que já houve também casos de êxito letal por intoxicação aguda por arsênio, como o de um menino que se afogou em um dos tanques arsenicosos da mineradora transnacional Kinross Gold Corporation, e as milhares de aves e outros bichos que morrem na mina e nos seus arredores, todo ano. Para continuar seu projeto criminoso em Paracatu, a mineradora transnacional canadense chegou a eliminar uma comunidade Quilombola inteira para dar lugar a uma bacia de rejeitos tóxicos, inclusive assassinando dois membros da comunidade a tiros. Até agora estávamos falando em genocídio e decadência social.

Talvez devêssemos falar em geocídio e extinção em massa.
Com genocidas não se faz acordo

Sergio Ulhoa Dani, de Heidelberg, Alemanha, em 19 de fevereiro de 2011

Corre o boato que o Ministério Público de Minas Gerais teria feito acordo com a mineradora transnacional genocida Kinross. Essa informação não procede, porque com genocidas não se faz acordo. O boato só pode ter se originado da própria mineradora. De imediato, parece que a mineradora transnacional genocida já está usando o boato do “acordo” para dizer que já foi tudo “acordado” com o MP, então está tudo “resolvido”. Não é a primeira vez que a mineradora faz “lavagem verde” dos seus crimes usando a imagem do Ministério Público. A farsa da revitalização do Córrego Rico é um exemplo. De “acordo” em “acordo”, a mineradora faz crer que o MP lava suas mãos, e assim deixa a mineradora mais livre para continuar suas obras altamente rentáveis de destruição, poluição e morte.