segunda-feira, 27 de julho de 2009

O caso de Paracatu: genocídio tolerado por um punhado de autoridades



O caso de Paracatu: genocídio tolerado por um punhado de autoridades

Paracatu é uma cidade de 90 mil habitantes no noroeste do Estado de Minas Gerais. Em 1987, o governo do Estado autorizou a mineradora anglo-australiana Rio Tinto a iniciar uma mineração de ouro a céu aberto dentro da cidade. Em 2004, a mina foi adquirida pela canadense Kinross Gold Corporation.

A mina de Paracatu é a mina do menor teor de ouro do mundo (0,4 g Au/tonelada minério) e portanto a da maior taxa de disposição de rejeitos. A quantidade de minério processado e despejado na barragem de rejeitos tóxicos até 2008 chegou a 300.000.000 de toneladas. A rocha minerada contém arsênio, considerado o “rei dos venenos”.

Vários estudos realizados a partir de 2006 indicam que os enormes passivos da mineração a céu aberto em Paracatu tornam esse projeto inviável e estão causando uma verdadeira catástrofe sócio-econômica e ambiental em Paracatu: destruição de um grande número de preciosas fontes de água potável; contaminação do ar, solo e água por arsênio, ácido sulfúrico e outros poluentes; incidência de doenças e mortes causadas pelo envenenamento crônico por arsênio; expulsão de comunidades tradicionais de suas terras; aumento do desemprego e da desocupação; aumento da concentração de renda e alto custo de oportunidade em uma região de economia eminentemente agrícola.

A dose de exposição diária dos habitantes de Paracatu ao arsênio da mina chega a 10 vezes o valor caucionário estabelecido pela Organização Mundial da Saúde-OMS. Os intensos falhamentos geológicos que caracterizam a região onde a mina está instalada, juntamente com o projeto de expansão desta mina magnificam a contaminação das águas subterrâneas pelo arsênio, inviabilizando seu uso para consumo humano.

A Prefeitura Municipal de Paracatu sob a gestão Vasco Praça Filho, as agências licenciadoras do Estado e o próprio Governador de Minas Gerais, Aécio Neves, vêm sendo formalmente informados dessa situação, a partir de 2007. Entretanto, ambas as administrações continuam a emitir licenças para o projeto de expansão da mina da Kinross, simplesmente omitindo os enormes passivos dos relatórios, como se eles não existissem.

A expansão da mina de Paracatu vai triplicar o volume de minério processado, vai triplicar o volume de água nova captada, vai aprofundar a cava em mais de 100 metros abaixo do nível do freático e vai piorar as já insuportáveis condições da saúde em Paracatu. Após ter destruído três nascentes, a mineradora agora quer despejar 1.000.000.000 de toneladas de rejeitos tóxicos sobre as nascentes do Ribeirão Santa Rita, no Vale do Machadinho, verdadeira caixa d’água da cidade de Paracatu.

Um punhado de pessoas que hoje pertencem aos quadros do Estado de Minas Gerais, e a mineradora canadense Kinross Gold Corporation, talvez confiantes na impunidade, ensaiam os primeiros passos daquele que talvez seja o maior genocídio tolerado da história moderna do Brasil. Fonte: Fundação Acangaú. Mais informações e relatórios completos podem ser obtidos gratuitamente em www.alertaparacatu.blogspot.com.

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