25 de Agosto de 2009
Alemães pedem ajuda às Nações Unidas para evitar catástrofe em Paracatu
Por Sergio U. Dani
A Sociedade dos Povos Ameaçados (GfbV), organização internacional de
defesa dos direitos humanos com sede em Göttingen, Alemanha, escreveu
hoje à Organização Mundial da Saúde (OMS) pedindo ajuda do órgão das
Nações Unidas para evitar uma catástrofe sócio-ambiental em Paracatu,
Brasil.
A carta foi uma resposta da GfbV à concessão da licença de instalação
de uma nova barragem de rejeitos tóxicos da transnacional canadense,
Kinross Gold Corporation no Vale do Machadinho, considerada a caixa
d'água potável dos 90,000 habitantes de Paracatu.
As cerca de um milhão de toneladas de arsênio que a mineradora
canadense pretende lançar na caixa d'água de Paracatu são suficientes
para matar 10 vezes a população atual do planeta. Segundo dados
publicados pela própria mineradora e escondidos dos relatórios das
agências reguladoras ambientais, com a cumplicidade de autoridades
governamentais brasileiras, a população de Paracatu já está exposta a
uma dose de arsênio 10 vezes acima do considerado tolerável pela OMS.
O arsênio é liberado das rochas da mina de ouro a céu aberto
localizada junto à cidade.
Os efeitos da exposição crônica ao arsênio começam a ser sentidos após
10-20 anos do início da exposição. A mina de ouro a céu aberto de
Paracatu foi inaugurada em 1987 e Paracatu já começa a sentir os
efeitos da contaminação ambiental. Os gastos com saúde subiram 30%. Em
2008, a Kinross iniciou a expansão da mina, contrariando os alertas
constantes da comunidade científica sobre os riscos da contaminação
com arsênio e outras substâncias.
A última etapa da expansão da mina da Kinross em Paracatu é justamente
a construção da nova barragem de rejeitos tóxicos. Estima-se que
milhares morrerão de câncer e outras doenças causadas pela exposição
crônica ao arsênio no ar, nos solos e na água, como doenças
cardiovasculares, renais e endócrinas. Crianças são mais vulneráveis,
porque assimilam mais arsênio que adultos.
A Kinross Gold Corporation é sediada em Toronto, no Canadá. A empresa
pratica "pagamentos facilitadores" a membros dos governos dos países
onde ela atua, visando "facilitar seus negócios". Relatório
independente implicou o presidente da empresa, Tye Burt,
ex-funcionário do Deutsche Bank, em operações financeiras
fraudulentas. A empresa Siemens, também alemã, fabricou e montou o
maior moinho de minério da América Latina, para dar suporte às
operações da mina da Kinross em Paracatu.
A Sociedade dos Povos Ameaçados (GfbV - Gesellschaft für bedrohte
Völker) é uma organização internacional para proteção dos direitos
humanos de minorias étnicas e religiosas. É uma ONG com status de
conselheira junto ao Conselho Econômico e Social da ONU (ECOSOC) e
também junto ao parlamento europeu. A sede da GfbV fica em Göttingen,
Alemanha.
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