Prefácio à tradução (1), por Sergio Ulhoa Dani
Quando
Thomas Fischermann contou-me que gostaria de fazer uma reportagem sobre a corrupção
no Brasil, eu sugeri que visitasse Paracatu. A corrupção parece explicar como e porque, em pleno século 21, ainda se permite a operação de uma mina de ouro e
arsênio em um território urbano habitado por 80 mil pessoas, nas cabeceiras de
uma das mais importantes bacias hidrográficas de um país de dimensões
continentais como o Brasil.
Pagamentos
facilitadores, ganância fútil, ignorância útil e violência de toda sorte são os
elementos corrompedores de que a mineradora canadense Kinross Gold Corporation tem
se valido para perpretar um verdadeiro e persistente genocídio em Paracatu e
região. A Kinross montou uma rede de apoio constituída de empresários, políticos,
órgãos e agências governamentais canadenses e brasileiras, mídia, juízes,
polícia, ministério público, até certas ONGs ambientalistas.
O empreendimento
mortífero da Kinross em Paracatu tem alcance internacional, seja porque
financiado e apoiado pelo governo canadense, seja porque instrumentalizado por empresas
transnacionais como Caterpillar/Bucyrus, Siemens, DuPont, seja porque uma
fração das centenas de milhares de toneladas de arsênio liberadas da rocha dura
pela mineração da Kinross em Paracatu espalha-se pelo mundo através do ar, da
água e da cadeia alimentar, atualmente e durante os próximos séculos, causando
desequilíbrios ambientais, pobreza, doenças e sofrimento humano.
A
publicação dessa reportagem altamente interessante no jornal alemão Die Zeit, assinada
por esse jornalista premiado, Thomas Fischermann, ilustrada com fotos de tirar
o fôlego do também premiado fotógrafo Giorgio Palmera contribui para o
esclarecimento da opinião pública internacional sobre a corrupção envolvida na
mineração de ouro e o drama de vida e morte das pessoas afetadas pela
destruição do ambiente e a intoxicação crônica pelo arsênio.
Antes
e durante sua visita a Paracatu, Fischermann e Palmera contaram com a
colaboração de inúmeras pessoas, muitas das quais são citadas nominalmente na
reportagem. Essas pessoas nunca foram ouvidas nos processos de tomada de
decisão que afetam diretamente sua própria vida. A reportagem de Fischerman contribui para
corrigir essa injustiça. Infelizmente, uma dessas pessoas faleceu antes de ver
a reportagem publicada, e lamentamos profundamente a morte desse amigo e
colaborador, e a falta que ele fará: Martin Wilhelm Kühne.
Na
tradução da reportagem que preparei a seguir, incluí algumas notas de tradutor
a título de esclarecimento sobre aspectos idiomáticos, sócio-ambientais e
científicos.
Bremen,
primavera de 2014
LD
Dr.med. DSc. Sergio Ulhoa Dani
Notas do tradutor:
(1) Der giftige Schatz von Paracatu. Von Thomas Fischermann,
mit Bilder von Giorgio Palmera. Die Zeit Nr. 13, 20. März 2014,
Wirtschaft/Seiten 30-31. Hamburg, Deutschland. Versão online publicada 28.03.2014: http://www.zeit.de/2014/13/goldmine-paracatu-brasilien-rohstoff . Die Zeit
(pronúnica alemã: [diː ˈtsaɪt], literalmente “O Tempo”) é um jornal alemão
semanal respeitado por sua qualidade jornalística. Com uma tiragem de 504.072
no segundo semestre de 2012 e mais de 2 milhões de leitores, Die Zeit é o
jornal semanal mais amplamente lido na Alemanha.
Leia a reportagem, por partes:
http://www.alertaparacatu.blogspot.com/2014/03/o-tesouro-venenoso-de-paracatu-parte-i.html http://www.alertaparacatu.blogspot.com/2014/04/o-tesouro-venenoso-de-paracatu-parte-ii.html http://www.alertaparacatu.blogspot.com/2014/04/o-tesouro-venenoso-de-paracatu-parte-iii.html
http://www.alertaparacatu.blogspot.com/2014/05/o-tesouro-venonoso-de-paracatu-parte-iv.html
Leia a reportagem, por partes:
http://www.alertaparacatu.blogspot.com/2014/03/o-tesouro-venenoso-de-paracatu-parte-i.html http://www.alertaparacatu.blogspot.com/2014/04/o-tesouro-venenoso-de-paracatu-parte-ii.html http://www.alertaparacatu.blogspot.com/2014/04/o-tesouro-venenoso-de-paracatu-parte-iii.html
http://www.alertaparacatu.blogspot.com/2014/05/o-tesouro-venonoso-de-paracatu-parte-iv.html
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