segunda-feira, 23 de junho de 2008

Drenagem ácida – um dos problemas da mina de ouro da RPM-Kinross em Paracatu


Drenagem ácida – um dos problemas da mina de ouro da RPM-Kinross em Paracatu

A drenagem ácida é um dos principais problemas causados pela mineração de ouro em Paracatu. Os minérios da mina de ouro operada pela RPM-Kinross, como arseno-pirita e outros minérios, são sulfetados, isto é, contém enxofre. O enxofre reage com a água das chuvas e o oxigênio da atmosfera e transforma-se em ácido sulfúrico, que acidifica a água que drena da mina. Esse ácido é tóxico por si próprio, e também libera outros elementos tóxicos contidos no minério, como arsênio, chumbo, cádmio e mercúrio. Assim, a drenagem ácida polui as águas e o ambiente com elementos extremamente tóxicos, que causam doenças como câncer e a morte de animais, plantas e seres humanos.

O que é drenagem ácida?

Quando as superficies das rochas são expostas ao ar e à chuva, ocorre uma reação química com os elementos da rocha que resulta numa mudança nas características da água que escorre. Se a rocha contém sulfetos, um processo natural de oxidação pode acidificar a água. Isto é conhecido como drenagem ácida [também conhecido como drenagem ácida da rocha (DAR) ou drenagem ácida da mina (DAM)]. À medida que a água torna-se mais ácida, sua capacidade de lixiviar ou liberar outros elementos da rocha, como metais, aumenta. A drenagem resultante pode tornar-se muito ácida e conter um grande número de constituintes danosos. Em alguns casos, os elementos da rocha podem ser lixiviados para a água sem acidificação e resultar em contaminação da água – este fenômeno é conhecido como lixiviamento de metal (LM). Em qualquer caso, a água poluída drena a partir da rocha exposta e pode ter impactos significativos nos corpos d’água circundantes (rios, lagos, áreas costais, água subterrânea) e a vida silvestre e as pessoas em contato com estas águas. Embora isso seja um processo natural, as atividades de mineração podem disparar este fenômeno pela exposição de grandes áreas de rocha à água e ao oxigênio atmosférico. A rocha é exposta nas paredes das minas e estruturas subterrâneas – mas as superfícies rochosas expostas mais significativas estão nas partes fragmentadas de resíduos de rocha que são removidos do subsolo e depositadas em pilhas de rejeitos.

Envenenamento por Mercúrio


Envenenamento por Mercúrio

Fonte: Wikipedia

O envenenamento por mercúrio (também conhecido por mercurialismo, hidrargiria, síndrome de Hunter-Russell, acrodinia, quando afeta crianças, e "Doença de Minamata", quando causa malformações congênitas em fetos e recém nascidos) é uma doença causada pela exposição ao mercúrio ou seus compostos tóxicos. Mercúrio é um metal pesado tóxico, que ocorre na sua forma elemental, inorganicamente como sais, ou organicamente, como compostos organomercuriais; os três grupos variam quanto aos efeitos devido a diferenças em sua absorção e metabolismo, entre outros fatores. Entretanto, com exposição suficiente, todos os compostos mercuriais tóxicos causam danos ao sistema nervoso central e outros órgãos e sistemas como o fígado e o trato gastrintestinal.

Os sintomas tipicamente incluem perdas sensoriais (visão, audição, fala, tato) e perda de coordenação motora. O tipo e grau dos sintomas exibidos dependem do tipo de toxina, dose, do método e da duração da exposição.

Sinais e sintomas

Sintomas comuns incluem neuropatia periférica (que se apresenta como parestesia, coceira, sensação de queimação ou dor), manchas descoloridas na pele (faces, pontas dos dedos das mãos e dos pés rosados), edema (inchaço), e descamação (pele morta se desprende em camadas).

O mercúrio bloqueia a via de degradação das catecolaminas, resultando em excesso de epinefrina, o que causa hiperhidrose (sudorese profusa), taquicardia (aceleração persistente do ritmo dos batimentos cardíacos), ptialismo mercurial (hipersalivação ou "muita água na boca") e hipertensão (pressão alta do sangue).

Crianças afetadas podem apresentar bochechas e nariz vermelhos, lábios eritematosos (lábios vermelhos), perda de cabelo, dentes e unhas, lesões de pele transitórias, hipotonia (fraqueza muscular) e fotofobia (desconforto e intolerância à luz). Outros sintomas incluem disfunção dos rins (e.g. sindrome de Fanconi) ou sintomas neuropsiquiátricos (labilidade emocional, memória prejudicada, insonia).

Causas

O envenenamento por mercúrio é causado por exposição suficiente ao elemento mercúrio ou seus compostos tóxicos. O consumo de peixe contaminado é a fonte mais significativa de exposição relacionada à ingestão em humanos, embora as plantas e os animais de criação também contenham mercúrio devido à bioacumulação do mercúrio a partir do solo, água e atmosfera, e devido à biomagnificação pela ingestão de outros organismos contendo mercúrio. A exposição ao mercúrio pode ocorrer pela respiração de ar contaminado, ou a partir do uso ou rejeito inadequado de mercúrio ou objetos que contenham mercúrio, por exemplo, bulbos de lâmpadas fluorescentes.

Fontes geradas por humanos como minas de carvão e outros minérios emitem aproximadamente metade do mercúrio presente na atmosfera, e as fontes naturais, como vulcões, são responsáveis pelo restante. Estima-se que dois terços do mercúrio gerado pelas atividades humanas provenham da combustão estacionária de carvão mineral. Outras fontes significativas incluem a produção de ouro, produção de metais não ferrosos, produção de cimento, lixo, crematórios, produção de soda cáustica, produção de ferro guza e aço, produção de mercúrio (geralmente para baterias), e queima de biomassa.

O mercúrio e muitos de seus compostos químicos, especialmente os organomercuiais, também podem ser rapidamente absorvidos por contato direto com a pele desprotegida e, em alguns casos (como, por exemplo, dimetil mercúrio), com a pele insuficientemente protegida. O mercúrio e seus compostos são comumente usados em laboratórios químicos, hospitais, clínicas odontológicas, e fábricas que produzem itens como bulbos de lâmpadas fluorescentes, baterias e explosivos.

Efeitos tóxicos

O mercúrio causa lesões ao sistema nervoso central, sistema endócrino (glândulas), rins e outros órgãos, e afeta de forma adversa a boca, as gengivas e os dentes. A exposição por longos períodos de tempo ou a exposição aguda ao vapor de mercúrio pode resultar em dano ao cérebro e morte. O mercúrio e seus compostos são particularmente tóxicos aos fetos e às crianças. Mulheres que estiveram expostas ao mercúrio durante a gravidez deram à luz crianças com sérios defeitos de nascimento (e.g., doença de Minamata).

A exposição ao mercúrio em crianças novas pode ter sérias consequencias neurológicas, impedindo que as bainhas dos nervos sejam formadas adequadamente. O mercúrio inibe a formação da mielina, que é o componente proteíco que forma estas bainhas.

Existe evidência de que o envenenamento por mercúrio pode predispor à síndrome de Young (homens com bronquiectasia e baixa contagem de esperma).

O envenenamento por mercúrio nos jovens tem sido implicado no comportamento autístico, uma hipótese ainda controversa, visto que cerca de 90% dos casos de autismo são explicados pela genética.

Os efeitos do envenenamento por mercúrio Mercury dependem parcialmente do fato de ter sido causado pela exposição ao elemento mercúrio, compostos de mercúrio inorgânicos (como sais), ou compostos organomercuriais.


Elemento mercúrio

O azougue (mercúrio metálico líquido) é pouco absorvido por ingestão ou contato com a pele. Ele é perigoso devido ao seu potencial de liberar o vapor de mercúrio. Dados de experimentação animal indicam que menos de 0,01% do mercúrio ingerido é absorvido através do trato gastrointestinal intacto; emobora isso possa não ser verificado em indivíduos sofrendo de ileo. Casos de toxicidade sistêmica a partir da ingestão acidental são raros, e tentativas de suicídio via injeção intravenosa não parecem resultar em toxicidade sistêmica. Embora ainda não estudada quantitativamente, as propriedades físicas do elemento mercúrio líquido limitam sua absorção através da pele e à luz de sua baixa taxa de absorção pelo trato gastrointestinal, a absorção pela pele não seria alta. Algum vapor de mercúrio é absorvido pela derme, mas a absorção por esta rota é apenas cerca de 1% da absorção via inalatória.

Em humanos, aproximadamente 80% do vapor de mercúrio inalado é absorvido via trato respiratório, onde ele entra no sistema circulatório e é distribuído pelo corpo. A exposição crônica por inalação, mesmo em baixas concentrações variando de 0,7–42 μg/m3, causa efeitos tais como tremores, diminuição das capacidades cognitivas, e distúrbios do sono.

Compostos inorgânicos de mercúrio

O mercúrio ocorre na forma inorgânica como sais como o cloreto de mercúrio II. Os sais de mercúrio afetam primariamente o trato gastro-intestinal e os rins, e podem causar lesão renal; entretanto, como eles não podem cruzar a barreira hemato-encefálica facilmente, os sais de mercúrio infligem pouco dano neurológico sem a exposição contínua ou pesada. Como dois estados de oxidação de mercúrio formam sais (Hg+ e Hg2+), os sais de mercúrio ocorrem nas formas mercúrio (I) (or mercuroso) e mercúrio (II) (mercúrico). Os sais de mercúrio (II) são usualmente mais tóxicos que os de mercúrio (I), porque sua solubilidade em água é maior; portanto, eles são mais prontamente absorvidos a partir do trato gastrointestinal.

Compostos orgânicos de mercúrio

Os compostos de mercúrio tendem a ser muito mais tóxicos que o próprio elemento, e os compostos orgânicos de mercúrio são frequentemente extremamente tóxicos e têm sido implicados como causadores de danos ao cérebro e ao fígado. O composto de mercúrio mais perigoso, dimetil mercúrio, é tão tóxico que mesmo alguns microlitros derramados sobre a pele, ou mesmo sobre uma luva de látex, pode causar a morte.

O metil mercúrio é a maior fonte de mercúrio orgânico para todos os indivíduos. Ele se acumula na cadeia alimentar através da bioacumulação no ambiente, atingindo altas concentrações entre as populações de algumas espécies. Espécies de peixes grandes causam mais preocupação que as espécies menores. A U.S. Food and Drug Administration (FDA) e a U.S. Environmental Protection Agency (EPA) recomendam mulheres em idade de procriação, mães que amamentam e crianças pequenas a evitar completamente consumir peixes grandes, como tubarão e peixe-espada, e limitar o consumo de atum a não mais do que 170 g por semana, e de todos os outros peixes e moluscos a não mais que 340 g por semana. Entretanto, não há evidência que o consumo moderado de peixe nos Estados Unidos represente um risco significativo. Uma revisão de 2006 dos riscos e benefícios do consumo de peixes encontrou que, para adultos, os benefícios de uma a duas porções de peixe por semana superam os riscos, mesmo (exceto para algumas espécies) para mulheres em idade de procriação, e que evitar o consumo de peixes pode resultar em um excesso de mortes por doença coronariana e desenvolvimento neural subótimo em crianças.

O etilmercúrio é um produto da degradação do agente antibacteriano, tiosalicilato de etilmercúrio, que tem sido usado como um antiséptico tópico e um agente preservante em vacinas. Suas características ainda não foram tão intensamente estudadas como aquelas do metilmercúrio. Ele é clareado do sangue muito mais rapidamente, com uma meia-vida de 7 a 10 dias, e é metabolizado muito mais rapidamente que o metilmercúrio. Ele provavelmente não tem a habilidade do metilmercúrio de cruzar a barreira hematoencefálica via um transportador, mas, em vez disso, vale-se da simples difusão para entrar no cérebro.

Outras fontes de exposição ao mercúrio orgânico incluem o acetato fenilmercúrico e o nitrato fenilmercúrico. Esses compostos foram usados em tintas látex para uso interno, devido às suas propriedades antifúngicas, mas foram removidos em 1990 devido a casos de toxicidade.

Tratamento

O tratamento standard para os casos de envenenamento por mercúrio é a terapia de quelação usando DMSA (nos EUA), DMPS e ácido alfa lipóico (ALA) (na Europa, Russia e antigas repúblicas soviéticas). Um estudo de trabalhadores envolvidos na produção de cloreto mercuroso mostrou que o sal de sódio do ácido 2,3-dimercapto-1-propanosulfônico (DMPS) foi efetivo em baixar a carga de mercúrio corporal e a concentração de mercúrio na urina aos níveis normais.

A medicina alternativa faz uso dessas mesmas substâncias associadas ou não a outras, como vitamina C (ácido ascórbico), EDTA e "alimentos ricos em enxofre". Entretanto, foi visto que o mercúrio inorgânico (Hg2+) ligado ao EDTA (um passo necessário na quelação de mercúrio induzida pelo EDTA) forma um complexo (HgEDTA) que é potencialmente danoso ao citoesqueleto neuronal.

Alguns dos efeitos tóxicos do mercúrio são, em alguns casos, parcialmente ou totalmente reversíveis, seja através de terapia específica, ou através da eliminação natural do metal depois da interrupção da exposição. Entretanto, a exposição pesada ou contínua podem causar danos irreversíveis, particularmente em fetos, crianças e jovens.

Prevenção e regulação

O envenenamento por mercúrio pode ser prevenido (ou minimizado) através da eliminação ou redução da exposição ao mercúrio e seus compostos. Para esta finalidade, muitos governos e grupos privados têm feito esforços para evitar riscos comuns ou banir totalmente o mercúrio. Por exemplo, a exportação de mercúrio e alguns compostos de mercúrio pela União Européia será proibida a partir de 15/03/2011. A variabilidade entre regulamentos e recomendações é algumas vezes confusa, tanto para os leigos, quanto para os cientistas.

Exemplo: Estados Unidos da América

Agência regulatória - Atividade regulada - Meio - Tipo de composto de mercúrio - Tipo de limite - Limite
OSHA - exposição ocupacional - ar - mercúrio elemento - Teto (não exceder a) - 0,1 mg/m³
OSHA - exposição ocupacional - ar - mercúrio orgânico - Teto (não exceder a) - 0,05 mg/m³
FDA - bebida - água - mercúrio inorgânico - Concentração máxima permitida - 2 ppb (0,002 mg/L)
FDA - alimentação - alimentos do mar - metil mercúrio - Concentração máxima permitida - 1 ppm
EPA - bebida - água - mercúrio inorgânico - Nível máximo contaminante - 2 ppb (0,002 mg/L)

Doenças ligadas àmineração de ouro em Paracatu


Paracatu, 21 de junho de 2008

Casos de doença renal, câncer, aplasia medular e outras doenças em Paracatu podem estar ligados à mineração de ouro

Por Sergio Ulhoa Dani, Dr.med., D.Sc.

À medida que progridem os trabalhos de investigação sobre os impactos do projeto de expansão da mineradora RPM-Kinross em Paracatu, a descoberta de novos casos de doença renal, doença neurológica, câncer, cegueira, diabetes, aplasia medular e outras doenças levam à suspeita do envolvimento da mineração na causa dessas doenças.

Crianças e adolescentes são os mais afetados, porque assimilam as substâncias tóxicas muito mais intensamente que os adultos. As fontes de contaminação incluem: ambiente de trabalho, ar, água, solo e alimentos contaminados.

Substâncias presentes na Mina do Morro do Ouro e liberadas para o ambiente pela mineradora RPM-Kinross, que causam doenças:

1. Substâncias nefrotóxicas (causam doença renal): arsênio, cádmio, cobre, ouro, ferro, chumbo, mercúrio e prata, e seus sais;

2. Substâncias carcinogênicas (que causam câncer): arsênio, mercúrio, cádmio, chumbo e seus sais;

3. Substâncias que causam doenças neurológicas: chumbo, mercúrio, arsênio e seus sais;

4. Substâncias que causam cegueira: mercúrio e seus sais;

5. Substâncias que podem causar aplasia da medula óssea (com conseqüente anemia normocítica hiporegenerativa, por resposta reticulocítica inadequada): prata, arsênio, ouro e mercúrio, e seus sais. Estas substâncias produzem aplasia medular via uma resposta imprevisível, idiosincrásica em uma minoria de pacientes.

Referências:

1. Tietz, Norbert W., Clinical Guide to Laboratory Tests, Saunders, 1983.

2. Friedman, RB, et al., Effects of Diseases on Clinical Laboratory Tests, American Association of Clinical Chemistry, 1980.

domingo, 22 de junho de 2008

A MINA DO MORRO DAS ALMAS


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A MINA DO MORRO DAS ALMAS
King Rosso, o rei vermelho
(conto verossímil de uma luta)
2008
Adriles Ulhoa Filho



Foi o primeiro a perceber que não era normal a irritante poeira que cobria todos os dias as folhas das plantas, o telhado, o piso e a mureta do alpendre de sua casa.
Era poeira pesada, encardida, bem diferente da fria poeira de piçarra da ladeira do Lajedo onde brincava na infância.
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quarta-feira, 18 de junho de 2008

O PRINCÍPIO DA PARCIMÔNIA

O PRINCÍPIO DA PARCIMÔNIA

A Assembléia Legislativa de Minas Gerais acaba de promover o seminário Minas de Minas. Iniciativa mais do que louvável e necessária já que, por incrível que pareça, uma das principais atividades do Estado, nunca havia sido discutida de forma ampla e com abertura no fórum que exatamente tem o poder de regulá-lo. Os grupos de trabalho agendados foram intitulados e se referiam ao sistema federativo e legislação, à gestão ambiental, e à sustentabilidade da mineração. Centenas de propostas foram colhidas pelo Estado inteiro em etapas preliminares e versaram sobre estruturação de órgãos, aumento da CFEM (a taxa paga aos municípios), saúde dos trabalhadores, melhoria na fiscalização, poluição, ensino profissionalizante, reformulação dos processos de licenciamento, caução e recuperação de áreas degradadas, maior participação dos municípios nas decisões, e outras. É claro que a palavra sustentabilidade, exatamente au creux de la vague, presente em qualquer discurso politicamente correto, não poderia deixar de faltar, e de fato não faltou, em nenhum grupo de discussão. Embora esta palavra esteja inevitavelmente ligada à idéia da continuação e da perpetuação, as conversas não enveredaram pela urgente tarefa de imaginar como fazer para que, daqui a 200 anos, ainda se tenha alguma coisa a fazer além de lamentar os esgotamentos. Claro, todas estas questões são importantes, e a quantidade, a intensidade e as longas datas delas não são pequenas. E o sentimento geral da parte dos presentes não financiados pela indústria minerária é de que a guerra está sendo perdida. E nisso tudo, a palavra sustentabilidade, quando usada, servia no mais das vezes como decorativo de falas, injetada rapidamente de qualquer jeito para dar mais credibilidade a elas. Poucas, mas significativas, lembranças de que minério acaba. E uma única análise ligando acertadamente a fúria minerária à fúria consumista, as duas cabeças da serpente da sociedade atual.

Constitucionalmente o minério é um bem da União e as lavras são concessões. Uma bela retórica, mas que não altera em nada o fato histórico e presente de que poucos são os que enriquecem, muitos são os problemas deixados e de que, ao final, quase nada fica por aqui. O sistema de distribuição de concessões é absolutamente cego quanto à concentração, à conveniência em relação ao que tem acima da terra, ou às gerações futuras, e, para a alegria dos espertos de hoje, maravilhosos processos geológicos de bilhões de anos são desrespeitosamente reduzidos ao valor de meia dúzia de carimbos em uma dupla de repartições.

Mas por que as mineradoras ficam anos cavoucando e tirando minério? Para dar algum ar de continuidade ao negócio? Nada disso. Pelo simples e prosaico motivo de que ela não consegue tirar tudo de um dia para o outro. Se houvesse jeito para isto, assim seria. Existem municípios mineiros com praticamente 100% de seu território concedido, e se os detentores das concessões se arranjarem e conseguirem, eles podem ser minerados integralmente de uma vez, não sobrando nada para o dia seguinte. Então começa a ficar claro que com o aumento do poderio econômico e tecnológico à disposição das empresas, nós estamos caminhando inexoravelmente para isto, com explorações cada vez mais rápidas, passando-se de uma mina à seguinte com menores intervalos. Nada existe que limite ou impeça isto e a aceleração deste processo de esgotamento é vendida, para a confusa população comum, como o crescimento e a produção de que tanto precisamos. As concessões são dadas sem consideração alguma quanto à velocidade de extração. E isto é válido para os minérios e para o petróleo.
Discutir sustentabilidade de qualquer coisa é discutir as possibilidades e as formas de garantir a sua continuidade para as gerações seguintes. Como estão postas as coisas hoje, não haverá um novo seminário deste daqui a 100 anos.

Incrivelmente, apenas uma proposta concreta, em todo o seminário, pôs o dedo na ferida, sendo candidamente chamada de Princípio da Parcimônia. Poderia ser também o Princípio do Bom Senso, ou da Precaução ou qualquer coisa que nos lembrasse que estamos lidando com coisas não renováveis, para as quais não haverá retorno.
Seu âmago, novidade e objetivo são limitar a velocidade com que se permite extrair.
Ela preconiza que sejam definidos Índices de Sustentação que determinem frações máximas do potencial medido, que poderiam ser extraídos anualmente. Exemplificando: se um empreendimento for liberado com um Índice de Sustentação de 1/150, ele durará 150 anos.

Evidentemente a proposta não conseguiu sobreviver por muito tempo, nem no grupo onde foi apresentado, às custas da forte reação dos minerários e da confusão do impacto que uma novidade ocasiona, mesmo na cabeça de quem concordaria com ela cinco minutos depois. Mas, muitos outros perceberam aí uma semente que tem tudo para germinar, e acenderam-se esperanças em apoios veementes. E a parcimônia poderia se dar de duas formas. Impondo os índices aos empreendimentos, e/ou impondo os índices à concessão. Isto valorizaria o minério, e sinalizaria em amarelo para a sociedade do consumo sem limite. E enquanto não se define como isto se dará, uma moratória nas concessões.
O Brasil entrega, como sempre entregou desde a era colonial, todo o seu potencial sem se preocupar com o amanhã. Países mais responsáveis pensam, ao contrário, em Reservas Minerais estratégicas, e salvam uma parte para depois, alguns até acumulando minérios levados daqui. A situação é tão absurda, que alguns paises consideram o Brasil como a própria reserva estratégica deles, como de fato o é. Não existe nada parecido aqui, nem para o petróleo.

Estas propostas no estrito senso, não garantem perpetuação, mas ao menos garantem que daqui a algumas décadas, os viventes de então possam aprimorá-las. A farra exploratória de agora é tão intensa e livre que os jornais noticiam fortunas de bilhões da noite para o dia, às vezes para um único indivíduo, como se fossem grandes feitos. Mas quantos anos mais esta pessoa vai viver? Era este o projeto que o universo levou 15 bilhões de anos para concluir?

Então é isto. Se nada de concreto for feito na linha da Parcimônia e do Bom Senso, Minas Gerais vai ter de mudar de nome muito em breve. E pelo andar da carruagem, já podem ir pensando nas sugestões.

André Louis Tenuta de Azevedo

Instituto Cidades

A História das Coisas


ZZZ Documentary: The Story of Stuff ... Documentário: A História das Coisas - 21 min - Apr 21, 2008

THE STORY OF STUFF | A HISTÓRIA DAS COISAS ..................................... Organização e Apoio: InfoNature.Org (www.infonature.org) **|** Tradução e Legendagem: DocsPT (www.docspt.com) .............................................................


What is the Story of Stuff? ... A movie / documentary. From its extraction through sale, use and disposal, all the stuff in our lives affects communities at home and abroad, yet most of this is hidden from view. The Story of Stuff is a 20-minute, fast-paced, fact-filled look at the underside of our production and consumption patterns. The Story of Stuff exposes the connections between a huge number of environmental and social issues, and calls us together to create a more sustainable and just world. It'll teach you something, it'll make you laugh, and it just may change the way you look at all the stuff in your life forever. ................................................................... O que é a História das Coisas? ... Desde a sua extracção até à venda, uso e disposição, todas as coisas que compramos e usamos na nossa vida afectam as sociedade no nosso país e noutros países, mas a maioria disto é propositadamente escondido dos nossos olhos pelas empresas e políticos. A História das Coisas é um documentário de 20 minutos, rápido e repleto de factos que olha para o interior dos padrões do nosso sistema de extracção, produção, consumo e lixo. A História das Coisas expõe as conexões entre um enorme número de importantes questões ambientais e sociais, demonstrando que estamos a destruir o mundo e a auto-destruirmo-nos, e assim apela-nos a criar um mundo mais sustentável e justo para todos e para o planeta Terra. Este documentário vai-nos ensinar algo, fará ri, e acabará por mudar para sempre a maneira como olhamos para todas as coisas que existem na nossa vida. Um excelente documentário a não perder. ....................... http://www.storyofstuff.com ....................... (Keywords: movie, documentary, Consumption, society, earth, nature, ecology, money, resources, nature, environment, products, filme, consumo, eco-consumo, dinheiro, sociedade, natureza, recursos, ambiente, terra, ecologia, produtos, dinheiro, etc)«

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Efeitos do cádmio sobre a saúde

Efeitos do cádmio sobre a saúde

O Cádmio (símbolo do elemento químico: Cd) é um metal mole, maleável,
branco-azulado, lustroso, ou um pó branco-acinzentado insolúvel em
água mas que reage prontamente com ácidos. Cádmio e seus compostos são
carcinógenos (causam câncer). Exposição aguda ao cádmio pode causar
sintomas semelhantes à gripe, como fraqueza, febre, dor de cabeça,
calafrios, sudorese (suor) e dor muscular. Edema pulmonar agudo
provocado por aspiração de fumaça com cádmio aparece 24 horas após a
exposição e atinge um máximo em três dias. Se não ocorrer morte por
asfixia, os sintomas podem ser resolvidos dentro de uma semana. O
primeiro efeito observado da intoxicação crônica por cádmio é
geralmente lesão dos rins, que se manifesta pela excreção de excesso
de proteina de baixo peso molecular na urina. A consequencia mais
grave da exposição crônica ao cádmio é o câncer, com destaque para os
cânceres de pulmão e de próstata. O cádmio também causa enfisema
pulmonar e doenças nos ossos, como osteomalacia (amolecimento dos
ossos) e osteoporose (rarefação do osso, com consequente queda da
resistência do osso). A doença óssea causada por cádmio é conhecida
como doença de "itai-itai", no Japão, onde foi observada em pessoas
que tiveram contato com lavouras de arroz irrigadas com água
contaminada pelo cádmio. O cádmio também pode causar anemia,
descoloração dos dentes e perda do olfato (anosmia).

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Contaminação faz crianças do Peru nascerem com alto nível de chumbo no sangue

Contaminação faz crianças do Peru nascerem com alto nível de chumbo no sangue

As operações mineradoras em La Oroya, uma das cidades mais contaminadas da América do Sul, são as responsáveis pelos altos níveis de chumbo existentes no sangue de grande parte dos recém-nascidos desta localidade peruana, afirmaram neste domingo especialistas. Matéria da Agência EFE, em Lima, publicada pela Folha Online, 08/06/2008 - 21h02.

O médico pesquisador do Movimento pela Saúde de La Oroya (Mosao) Hugo Villa declarou à agência oficial "Andina" que as crianças deste povoado nascem com índices de chumbo acima dos seis microgramas por decilitro de sangue, apesar de estes níveis não devessem exceder os cinco microgramas em uma pessoa adulta.

Como conseqüência, 97% das crianças sofrem deficiências físicas ou mentais relacionadas à contaminação do ar, entre elas, más-formações e cegueira.

Villa afirmou que existe "falta de compromisso" da empresa que opera na região para executar os projetos destinados a atenuar os efeitos causados pela exploração mineradora no meio ambiente e na saúde das pessoas.

Apesar da exploração mineradora em La Oroya ter começado em 1922, a contaminação atingiu níveis mais altos desde 1997 quando entrou em operação a empresa americana Doe Run, com uma emissão diária de uma tonelada de dióxido de enxofre, chumbo e arsênico, segundo o Mosao.

O pesquisador explicou que apesar de entre os compromissos da empresa constar a redução das emissões poluentes, foram adiados os projetos para eliminar as emissões tóxicas, como a construção de uma fábrica de ácido sulfúrico, que ajudaria a reduzir significativamente a concentração de gases.