As águas que correm nos córregos, riachos, ribeirões e rios vêm de dois lugares: a água limpa e duradoura vem da terra e a água suja vem da enxurrada produzida pelas chuvas.
água limpa que vem da terra é a parte da chuva que infiltra na terra e forma nascentes ou infiltra para a caixa dos cursos d'água, e por isso mantém a quantidade de água correndo.
A água suja que forma a enxurrada e enche os rios é a água que vai embora aproveitando apenas o canal dos rios, mais ou menos como é visto nas cidades: chove, forma enxurrada nas ruas, e quando a chuva acaba, acabou a água no chão.
Os cursos d'água só exlstirão se existir infiltração na terra e nascentes.
A infiltração na terra acontece porque a vegetação segura parte da água da chuva, dando tempo para ela entrar na terra e formar os lençóis d'água e as nascentes.
Retirar a vegetação que forma as águas correntes é como costurar uma parte da boca: a pessoa, na hora da refeição, come menos e emagrece.
Destruir uma nascente é como costurar a boca inteira: a pessoa não come e morre.
Para matar uma pessoa não precisa dar um tiro nela, é só tirar a
comida, que ela morre.
Se a comida (nascente e lençol freático) de um rio for diminuída o rio diminui, e se a comida for retirada, o rio morre seco e vira um simples canal de enxurrada da chuva.
De cada 10.000 litros de água existentes no planeta Terra, 9.750 são de água salgada (oceanos e mares), 2.493 são de água doce inacessível (geleiras e depósitos subterrâneos) e apenas 7 litros podem ser alcançados pelas pessoas.
O planeta tem muita água, mas a água que serve aos humanos é muito pouca. Temos que defender com unhas e dentes esse pouco, porque ele é a garantia da nossa vida.
No continente americano do sul, onde está o Brasil, de cada 100 litros de água disponível para os humanos que existiam no ano de 1950, passaram a existir no ano de 2000 apenas 27 litros (Universidade da Água), ou seja, em 50 anos, 63 litros d'água deixaram de estar à disposição das pessoas.
As águas "emagreceram" por falta de "comida".
Magro, quase no puro osso, está à nossa frente o Córrego Rico, sem "comida", morrendo. O mesmo aconteceu com o Córrego São Domingos e o Córrego Santo Antônio, que foi barrado pela atual barragem de rejeitos da mineradora RPM-Kinross. A barragem do Santo Antônio fez evaporar mais de 80 por cento da água do córrego. O que restou da água está contaminada.
A construção de uma nova barragem de rejeitos da mineradora no Vale do Machadinho vai tirar "comida" do Santa Rita.
Tirar a "comida" do rio tira a comida da boca das pessoas.
Estão previstos mais 30 anos de mineração.
Serão 30 anos de Santa Rita com pouca "comida".
Em 30 anos, o ouro acaba e a herança de Paracatu será um Santa Rita fraco, no caminho da morte, se morto não estiver.
Então descobriremos que o ouro da nossa terra foi o pagamento para que matassem nossas águas, e cantaremos uma nova moda de viola:
PARACATU DOS SEM ÁGUA.
Dia 20 de março ocorrerá a reunião em Varjão de Minas para colocar o Santa Rita na lista dos marcados para morrer.
Existem dois santos que poderão salvar o Santa Rita: o santo Prefeito e o santo Promotor, ou os dois juntos.
Ou então ficaremos sabendo que Paracatu não tem santas autoridades
nem merece ter santas águas.
Salve o Santa Rita.