quarta-feira, 19 de março de 2008

ACIDENTES ACONTECEM

Estrutura que liga vertedouro à represa da mina Casa de Pedra se rompeu, deixando moradores preocupados

Sandoval de Souza/Codema/Divulgação

O Ministério Público Estadual começa a investigar hoje as causas da inundação em três bairros de Congonhas, na Região Central de Minas, que deixou 40 famílias desabrigadas no fim de semana. Vistoria feita ontem pela Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) aponta que a barragem de rejeitos da mina Casa de Pedra, explorada pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), transbordou em função do temporal que atingiu a cidade sábado, quando choveu o volume equivalente a todo o mês de março.

A curadora do meio ambiente de Congonhas, promotora Karina Ferreira, solicitou visita de uma equipe técnica para avaliar a possibilidade de rompimento da barragem, o que pode ter desviado o curso do Rio Maranhão. Integrantes da Bacia do Rio São Francisco, o Maranhão e seu principal afluente, o Ribeirão Preto, subiram cinco metros acima do nível normal e atingiram principalmente os bairros Santa Mônica, Jardim Profeta e Vila São Vicente. Ontem, parte do serviço de limpeza de ruas e moradias foi concluído e a maioria dos moradores voltou para casa.

O Núcleo de Emergência Ambiental da Feam, que vistoriou a barragem de rejeitos domingo e ontem, descartou a hipótese de rompimento e informou que houve problemas no vertedouro. Segundo o órgão, em função das chuvas excessivas, o reservatório, usado para lavagem de minério da mina da CSN, teria apenas vertido mais água que o normal. A fundação informou que não houve contaminação dos cursos d’água da cidade por resíduos da mineração.

No entanto, o Conselho Municipal de Meio Ambiente (Codema) de Congonhas divulgou, na tarde de ontem, relatório em que confirma o rompimento de estrutura de contenção que liga o vertedouro ao corpo principal da barragem. “As imagens comprovam que a estrada de ligação ao reservatório está rompida. Coincidência ou não, na mesma noite do acidente, os ribeirões Preto e Santo Antônio e o Rio Maranhão, que passam pela área urbana, tiveram seu volume da água elevado. Num primeiro momento, nossa maior preocupação era com a segurança dos moradores. Vamos agora verificar a extensão do prejuízo ambiental e a causa da ruptura”, disse o presidente do Codema, Neilor Aarão.

Segundo o secretário-executivo da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec), tenente-coronel Alexandre Lucas Alves, que acompanhou a vistoria ao local domingo, a situação da barragem de rejeitos está sob controle. “Em apenas 40 minutos no sábado choveu 55 milímetros. Não temos confirmação de rompimento, apenas identificamos que a barragem transbordou, em função do grande volume de água. O município está cumprindo agora uma série de medidas preventivas e de resposta, como a retirada de famílias das áreas de risco e monitoramento da situação das barragens”, afirmou o oficial.

A Prefeitura de Congonhas comunicou, em nota, que vai decretar situação de emergência no município para dar agilidade à contratação de empresas para recuperação e limpeza das vias e bairros atingidos. A administração ainda definiu nove pontos de controle das águas dos rios e córregos, para alertar os moradores sobre a possibilidade de novas enchentes. A assessoria de comunicação da CSN informou que não houve rompimento de barragem e que, conforme informações da Cedec e da Feam, a inundação na cidade não tem qualquer relação com o aumento no volume de água no reservatório.

Esmeraldas

A Cedec ainda mantém o alerta sobre o risco de rompimento de uma barragem em Esmeraldas, na Grande BH. Segundo o tenente-coronel Alexandre Lucas, já foram iniciados os trabalhos de construção de um vertedouro emergencial, para diminuir a pressão das águas e reduzir a ameaça à segurança de 80 famílias. “Quanto menor a probabilidade de chuvas, menor a chance de ocorrer um acidente, mas continuamos monitorando a área”, disse o secretário-executivo da coordenadoria.

Tempo

Segundo o Centro de Climatologia MGTempo/ Cemig/ PUC Minas, a previsão para hoje é de muitas nuvens e chuva no Triângulo Mineiro e no Sul do estado. Na Grande BH, o tempo deve amanhecer ensolarado, mas a nebulosidade tende a aumentar ao longo do dia. Há possibilidade de temporais no fim da tarde, em função da alta umidade relativa do ar e das temperaturas elevadas, que devem variar entre 19 e 30 graus. Uma nova frente fria deve chegar ao estado na sexta-feira, deixando o tempo chuvoso na Grande BH e nas regiões Sul, Oeste, Triângulo e Zona da Mata. (Com Patrícia Rennó)

Enviado por colaborador.

quinta-feira, 13 de março de 2008

ENVENENAMENTO CRÔNICO


ENVENENAMENTO CRÔNICO

ARSÊNIO

Texto informativo para a Audiência Pública da Assembléia Legislativa de Minas Gerais em 14 de março, em Paracatu.

Um dos aspectos mais graves da bioacumulação e da bioampliação é o fato de não aparecerem sintomas até as concentrações no organismo serem suficientemente elevadas para causarem problemas graves de saúde

Arsênio não tem cheiro, nem gosto, nem cor, e é absorvido sem que a pessoa perceba. As partículas de arsênio que entram no trato respiratório são absorvidas pelo pulmão. O arsênio ingerido via oral é absorvido pelo trato digestivo. A maioria dos derivados arsênicos são rapidamente excretados pela urina, mas o arsênio absorvido distribui-se pelo fígado, as outras vísceras, ossos, pele e, especialmente, os pelos e as unhas;A dose letal aguda de arsênio inorgânico para humanos foi estimada em cerca de 0,6 mg/kg/dia: isso significa que para um adulto de 70 kg, uma dose tóxica é de 42 mg ou 0,042 gramas (42 partes de 1.000). Para uma criança de 10 kg, isso seria equivalente a uns 6 mg ou 0,006 gramas (6 partes de 1.000). A título de comparação: 1 grama de arsênio é suficiente para matar 7 pessoas adultas; A ingestão ou inalação de quantidades muito menores de arsênio durante um período prolongado aumentam a incidência de diversos tipos de câncer, além de enfermidades cardiovasculares, diabetes, anemia e efeitos neurológicos, imunológicos, reprodutivos e de desenvolvimento embrionário e fetal. Várias organizações revisaram os estudos epidemiológicos e determinaram níveis de risco elevado de câncer de pulmão de 0,6% a 5% por cada micrograma de As/metro cúbico de ar, durante 25 a 30 anos de exposição. Isto significa que a cada micrograma (a milionésima parte do grama) de As/m3, há um aumento de 0,6% a 5% na incidência deste tipo de câncer durante um período de 25-30 anos de exposição; Níveis de As na água de consumo acima de 5 ppb (5 partes por bilhão) já são considerados excessivos pelas autoridades brasileiras e de vários outros países.

Isto significa que mesmo doses infinitesimais de arsênio, inaladas ou ingeridas durante períodos prolongados, são capazes de causar doenças graves nos seres humanos

EXIJA DAS AUTORIDADES A DEFESA DA SUA SAÚDE

A mineração de metais nos matará de sede ou de fome, ainda que agora nos ofereça algum emprego, algum dinheiro e algum desenvolvimento.

Fundação Acangaú
Instituto Serrano Neves

OS PODERES DE GOVERNO DEVEM CUMPRIR A CONSTITUIÇÃO

OS PODERES DE GOVERNO DEVEM CUMPRIR A CONSTITUIÇÃO

Texto informativo para a Audiência Pública emda Assembléia Legislativa de Minas Gerais 14 de março, em Paracatu.

Podemos imaginar que o trabalho de mineração em Paracatu esteja de acordo com a lei e que os governos estejam fazendo a lei ser cumprida, mas devemos crer que vivemos num regime democrático e sob a proteção de uma Constituição que garante a todos o direito à saúde, à vida e a um meio-ambiente ecologicamente equilibrado.

Então, vamos perguntar se os poderes de governo têm o direito de nos manter na ignorância sobre as repercussões da mineração na saúde, na vida da população, na economia popular e no meio-ambiente de Paracatu.

Vamos perguntar também se Estado, a Economia, os interesses político-partidários, os interesses pessoais e os interesses estrangeiros devem ser defendidos em primeiro lugar e os interesses do povo em último lugar.

Vamos perguntar se é justo que a saúde, a vida e o meio-ambiente sejam o preço pago por esse insustentável desenvolvimento de oportunidade.

Muitos poderão dizer que não estão vendo nada acontecer. As doenças não são visíveis a olho nu, mas os danos ambientais estão visíveis.

Ninguém que tenha informações mínimas sobre os perigos do arsênio teria a coragem de dizer que Paracatu goza de especial proteção divina e que aqui não aconteceria o que acontece no resto do mundo.

As coisas poderão piorar mais ainda com a etapa de expansão da RPM-Kinross, vez que o passivo sócio-ambiental, parte dele irreversível, perdurará e exigirá cuidados perpétuos a partir do encerramento da mineração.

Apenas saber disto configura uma situação de perigo moral, perigo que aumenta e assusta quando paracatuenses - ou brasileiros acolhidos em Paracatu - preferem defender os interesses da transnacional RPM-Kinross.

O ouro que está sendo levado para o estrangeiro não voltará para acudir o sofrimento dos paracatuenses, e os benefícios sociais acabarão, e será tarde para perguntarmos se valeu a pena

É assim que pedimos aos homens do governo que nos tranqüilizem em relação à saúde, à vida e ao meio-ambiente, promovendo o levantamento epidemiológico de envenenamento crônico por arsênio, chumbo, cádmio, cianeto, cobre e ácido sulfúrico, como uma das condicionantes da licença, para que esta e outras condicionantes relativas à proteção da saúde, da vida, e do meio-ambiente, sejam impostas para a continuidade da mineração, ou que a atividade seja paralisada para sempre, devolvendo aos paracatuenses o direito de faiscar o ouro para sobrevivência, não sem antes a RPM-Kinross prestar caução como garantia da reparação dos danos causados.


Fundação Acangaú

Instituto Serrano Neves