https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28857213
Chichester, EUA, 31.08.2017 - Um novo método de diagnóstico da intoxicação crônica pelo arsênio foi publicado hoje, pela JAT (Journal of Applied Toxicology), revista científica internacional especializada em toxicologia [1].
Os autores do novo método, batizado de CAsIDS (abreviatura de “Chronic Arsenic Intoxication Diagnostic Score”) são o médico brasileiro radicado na Suíça, Sergio Ulhoa Dani e seu colega austríaco radicado na Alemanha, Gerhard Franz Walter.
O método é baseado na estimativa da concentração do arsênio nos ossos, calculada de forma não-invasiva, em duas amostras consecutivas de urina, e inclui a avaliação das manifestações clínicas típicas da intoxicação crônica pelo arsênio, em vários sistemas e órgãos do corpo humano.
O envenenamento agudo pelo arsênio, embora raro nos dias de hoje, é facilmente reconhecido pelos seus sintomas como confusão mental, diarréia, colapso respiratório e circulatório seguido de morte dentro de poucas horas ou dias.
Já a intoxicação crônica, apesar de ser mais frequente que o envenenamento agudo, dificilmente é reconhecida, pois suas manifestações clínicas e laboratoriais podem ser confundidas com as de outras doenças que matam depois de anos ou décadas.
O método CasiDS ajuda os médicos a reconhecer a intoxicação crônica com vários níveis de certeza.
Na publicação da revista JAT, os autores apresentam exemplos clínicos de intoxicação crônica pelo arsênio confirmados pelo CAsIDS.
Entre os casos apresentados, inclui-se o de uma paciente da cidade de Paracatu, Minas Gerais, onde a empresa transnacional canadense, Kinross Gold Corporation/Kinross Brasil Mineração explora a maior mina de ouro a céu aberto do Brasil.
O arsênio liberado das rochas da mina de Paracatu pela mineradora é transportado pela água e pelo ar e contamina o ambiente rural e urbano e milhares dos seus habitantes.
O arsênio e seus compostos são geralmente invisíveis, inodoros e insípidos. Com o CAsIDS, pelo menos o arsênio que contamina o corpo humano e causa doenças ficou mais visível.
Referência:
[1] Dani SU, Walter GF. Chronic arsenic intoxication diagnostic score (CAsIDS). J Appl Toxicol. 2017; 1–23. https://doi.org/10.1002/jat.3512