Cyatta abscondita, a formiguinha discreta. Foto: Sosa-Calvo et al, 2013.
Cyatta abscondita, uma formiguinha agricultora muito discreta foi redescoberta na Reserva do Acangau. O ‘trabalho de formiguinha’ foi realizado por uma equipe de cientistas brasileiros e norte-americanos, entre os quais o Professor Heraldo Vasconcelos, da Universidade Federal de Uberlândia, e publicado no último número da revista PloS ONE.
O nome escolhido para o gênero ‘Cyatta’ é um neologismo construído pela expressão tupi ‘Cy’, que significa ‘irmã’, e ‘atta’, uma referência ao parentesco das Cyatta com as saúvas mais conhecidas do gênero Atta. O nome da espécie, ‘abscondita’ refere-se à natureza extremamente discreta dessa espécie. Após ter sido reconhecida, em 2003, a partir de um número reduzido de raros exemplares, a espécie só foi redescoberta depois de múltiplas tentativas frustradas de localizá-la no campo. Essa formiguinha de menos de 3 milímetros de comprimento é difícil de ser apanhada em armadilhas geralmente usadas para capturar formigas.
Formigas são organismos sociais muito antigos no esquema de evolução das espécies pela seleção natural. Através da análise do DNA, os cientistas calcularam que o gênero Cyatta existe há surpreendentes 26 milhões de anos. Quais seriam as estratégias secretas de sua sobrevivência?
As diminutas Cyatta constituem colônias de 20 a 26 operárias. Elas adotam uma estratégia também adotada por algumas parentes da América do Norte, Caribe e América do Sul: cultivar fungos dos quais elas se alimentam. Os jardins de fungos são cultivados suspensos no teto de pequenas câmaras subterrâneas escavadas a uma profundidade de até 2 metros. Para um animalzinho tão discreto, trata-se de um desempenho extraordinário. O segredo do sucesso? Prevenção, trabalho de equipe e discrição.
Referência:
Sosa-Calvo J, Schultz TR, Brandão CRF, Klingenberg C, Feitosa RM, Rabeling C, Bacci Jr. M, Lopes CT, Vasconcelos HL (2013) Cyatta abscondita: taxonomy, evolution, and natural history of a new fungus-farming ant genus from Brazil. PLoS ONE 8(11): e80498. doi:10.1371/journal.pone.0080498
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Aguardamos seu comentário.