domingo, 16 de setembro de 2018

A Fundação Acangau de luto: morre Warwick Estevam Kerr



Warwick Estevam Kerr fotografado, em 2009, por Tom Wenseleers 

(fonte: http://www.funpecrp.com.br/gmr/year2009/vol8-2/pdf/KerrIntrodu.pdf)

Warwick Estevam Kerr morreu ontem, 15.09.2018, aos 96 anos, em Ribeirão Preto, SP. Ele foi casado com Lygia Sansignolo Kerr, falecida em 2017, e deixa 6 filhos e vários netos. A cerimônia de cremação será na manhã deste domingo, em Ribeirão Preto, SP.

A Fundação Acangau presta uma homenagem ao seu fundador e expressa suas condolências à família.

Warwick Estevam Kerr (9.09.1922 Santana do Parnaíba, SP – 15.09.2018 Ribeirão Preto, SP) foi um engenheiro agrônomo, geneticista, entomologista, professor e líder científico, notável por suas descobertas no campo da genética da determinação do sexo e da casta em abelhas. 

Sua vida científica começou em Piracicaba, onde ele recebeu seu doutorado e mais tarde tornou-se professor assistente. Em 1951, ele conduziu estudos de pós-doutorado como professor visitante na Universidade da Califórnia em Davis e, em 1952, na Universidade de Columbia, onde ele estudou com o famoso geneticista Theodosius Dobzhansky. 

Em 1958, ele foi convidado pelo professor Dias da Silveira para ajudar na organização do Departamento de Biologia da Faculdade de Ciências de Rio Claro, da recentemente criada Universidade Estadual de São Paulo (UNESP), onde ele permaneceu até 1964, dirigindo um grupo de pesquisa sobre a genética de abelhas, seu campo principal de especialização. 

De 1962 a 1964, ele foi o Diretor Científico responsável por organizar a recentemente criada Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). Em dezembro de 1964, ele aceitou a posição de Professor Titular de Genética da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo (USP), onde criou o Departamento de Genética. De 1969 a 1973, foi presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).

Em todas essas posições, ele nunca parou sua pesquisa sobre os Meliponini, especialmente o gênero Melipona de abelhas neotropicais sem ferrão que são frequentemente vítimas da ação predatória dos "meleiros". 

Kerr também ficou bem conhecido por sua pesquisa sobre a hibridização da abelha italiana (Apis mellifera ligustica) com a abelha africana (Apis mellifera adansonii). A abelha Apis melifera africanizada hoje presente no hemisfério ocidental descende diretamente de 26 abelhas-rainhas provenientes da Tanzânia que escaparam acidentalmente de um experimento de cruzamento operado por Kerr, em 1957, no município de Rio Claro, SP. 

De Março de 1975 a abril de 1979, Kerr serviu como diretor do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (INPA). Ele aposentou-se como professor da USP em janeiro de 1981 e imediatamente assumiu a posição de Professor Titular da Universidade Estadual do Maranhão, em São Luis, onde foi responsável pela criação do Departamento de Biologia e, por um breve período, serviu como Reitor da Universidade. Ele mudou-se para a Universidade Federal de Uberlândia, em Minas Gerais, em fevereiro de 1988, como Professor de Genética. 

Em 1991, Kerr foi um dos 12 cientistas e empreendedores que se reuniram para fundar a Fundação Acangau. 

Kerr produziu mais de 600 publicações em vários assuntos. Um dos seus livros mais populares, "Abelha Uruçu: Biologia, Manejo e Conservação" foi publicado pela Fundação Acangau, em 1992.

Além de ter sido membro da Academia Brasileira de Ciências, Kerr também foi um membro estrangeiro da National Academy of Sciences, dos Estados Unidos da América, e da Third World Academy of Sciences. Ele foi admitido, pelo Presidente Itamar Franco, à Ordem Nacional do Mérito Científico na Classe Grã-Cruz, em 1994.

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