Acordo entre MP e Kinross reconhece a probabilidade da intoxicação
crônica da população por arsênio liberado em Paracatu
Por Sergio U. Dani, de Berna, Suiça, em 12 de julho de 2015
O Ministério Publico Estadual de Minas Gerais (MPMG) e a mineradora
transnacional canadense Kinross Gold Corporation anunciaram o aditamento de um
acordo assinado pelas partes, em 2011.
O aditamento visa a revisão e a continuidade dos estudos sobre a contaminação
ambiental pelo arsênio liberado pela Kinross em Paracatu. Os estudos haviam
sido encomendados pela Prefeitura Municipal de Paracatu, em cumprimento a uma
das exigências da Ação Civil Pública proposta pela Fundação Acangau, em 2009,
que corre no Forum da cidade de Paracatu.
Entretanto, o órgão contratado, sem licitação, pela Prefeitura de
Paracatu para executar o estudo, o CETEM-Centro de Tecnologia Mineral é ligado
ao governo federal e à própria mineradora, o que feriu o princípio da
imparcialidade. Além disso, a equipe do CETEM não tinha qualificação médica, o
que feriu o princípio da competência.
Desta forma, o CETEM produziu, em 2014, um relatório eivado de erros
metodológicos grosseiros, resultados pobres e inconsistentes e conclusões
inválidas sobre a situação epidemiológica da intoxicação crônica da população
de Paracatu pelo arsênio liberado pela Kinross. Os graves problemas do
relatório foram denunciados pela equipe do Instituto Medawar, órgão da Fundação
Acangau, no bojo da Ação Civil Pública.
Pelo aditamento assinado em 1º de julho deste ano, as partes se comprometem a
“adotar todas as medidas necessárias para garantir a independência e a
imparcialidade da equipe técnica” e o CETEM teria “assumido a obrigação de
apresentar resultados válidos e que observem os procedimentos mais reconhecidos
pela comunidade científica”.
O acordo MP-Kinross significa, em primeiro lugar, que as partes
reconhecem como inválido, inconclusivo ou, no mínimo, incompleto o
estudo do CETEM. Em segundo lugar, significa que no campo das
possibilidades (universo amostral) existem indicadores reais (presença de
arsênio) e/ou indicadores cautelares (risco para a saúde humana) que tornam
provável a intoxicação epidêmica, e tais indicadores teriam surgido dos
estudos anteriores apresentados e analisados na Ação Civil Pública movida pela
Fundação Acangau.
Fonte:
MPMG,
09/07/2015. Aditamento de termo de compromisso dará continuidade a estudos
sobre possível contaminação por arsênio, em Paracatu
(https://www.mpmg.mp.br/comunicacao/noticias/aditamento-de-termo-de-compromisso-dara-continuidade-a-estudos-sobre-possivel-contaminacao-por-arsenio-em-paracatu.htm#.VZ8gnoo4_CQ)
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