Universidade de Verão: energias para o futuro
Por Sergio U. Dani, de Birkenfeld, Alemanha, em 15 de Setembro de 2011.
As perspectivas de suprimento de energia após Fukushima foram o tema
central da primeira Universidade de Verão teuto-francesa e européia em
direito energético e ambiental, relizada no Campus Ecológico
(Umweltcampus) de Birkenfeld, Alemanha, entre 13 e 15 de setembro.
A Universidade de Verão representa uma atividade conjunta da Escola
Técnica Superior de Trier (Fachhochschule Trier) representada pelo
Prof. Dr. Tilman Cosack, e da Universidade de Paris-Ouest, liderada
pelo Prof. Dr.Dr.h.c. Otmar Seul.
O encontro reuniu especialistas e
estudantes oriundos de diversos países incluindo Alemanha, França,
Brasil, Índia e Líbano.
O programa científico incluiu conferências, debates e excursões
guiadas ao campus de Birkenfeld, à usina central térmica à biomassa da
OIE e ao complexo energético de Morbach/Hunsrück, onde são
desenvolvidas as energias renováveis de origem solar, eólica e
biodigestão.
O programa sócio-cultural incluiu a visita ao Castelo de
Birkenfeld, antiga residência do Grão-Duque de Oldenbourg e do
príncipe de Birkenfeld.
Os temas tratados variaram desde os direitos energético e ambiental,
direito internacional, aspectos técnicos das energias renováveis, até
a psicologia da percepção e avaliação dos riscos (“Wahrnehmung”),
mobilização social, iniciativas dos cidadãos (“Bürgerinitiativen”), e
o desenvolvimento regional transfronteiriço.
Da percepção dos riscos às ações
Historicamente, o direito energético precedeu o direito ambiental. Na
opinião dos especialistas, isso gerou conflitos no ordenamento
jurídico que poderiam ser resolvidos com a unificação dos dois
direitos.
A lição central de Fukushima é que as sociedades modernas
não usam eficientemente os recursos disponíveis nas esferas
científica, legal e social para perceber e prevenir os riscos de
atividades como a energia nuclear. Muitas cortes são incapazes de
aplicar o princípio da Precaução (“Vorsorgeprinzip”) conforme
exemplificado pelo caso da degradação sócio-ambiental causada pela
mineração de ouro a céu aberto em Paracatu (Minas Gerais, Brasil),
apresentado no encontro pela doutoranda da Universidade de Paris,
Laure Terrier.
As diferenças de consciência ambiental, a capacidade de percepção dos
riscos e os sistemas administrativos ajudam a explicar as diferenças
atualmente existentes entre as matrizes energéticas de países como a
Alemanha e a França.
O modelo diversificado e descentralizado da
matriz energética alemã contrasta com o modelo francês centralizado e
pouco diversificado.
O acidente nuclear de Fukushima encontrou uma Alemanha preparada para
decidir pelo abandono total da energia nuclear até 2020.
A
participação atual da energia nuclear na matriz de energia elétrica
alemã, cerca de 22% será substituída pelo aumento significativo da
participação das fontes de energia renovável até 2020.
A França encontra-se numa situação mais adversa, com 75-85% de sua
energia elétrica proveniente de fontes nucleares.
As condições
históricas, políticas, jurídicas, administrativas, sócio-econômicas,
financeiras e científico-tecnológicas ainda são insuficientes para
garantir uma transição da matriz energética francesa. Iniciativas como
a “Universidade de Verão” contribuem decisivamente para vencer essas
dificuldades.
A próxima Universidade de Verão está prevista para o ano que vem.
Entre os temas sugeridos por este participante citam-se o direito
unificado energético-ambiental -científico, estratégias de
desenvolvimento de “energias humanas renováveis”, análises
emergéticas, e cooperação internacional em direito, ciência,
tecnologia e cultura.
Mais informações sobre a “Universidade de Verão” podem ser obtidas em:
http://www.umwelt-campus.de/ucb/
Dr.med. D.Sc. Sergio U. Dani
Heidelberg, Germany
Tel. +49 15-226-453-423
srgdani@gmail.com
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