quarta-feira, 13 de maio de 2009

Três razões para os funcionários da RPM/Kinross aderirem à greve

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Três razões para os funcionários da RPM/Kinross aderirem à greve

Por Sergio Ulhoa Dani

Vou apresentar aqui apenas três razões pelas quais os funcionários e fornecedores da RPM/Kinross deveriam aderir à greve iniciada pelos servidores públicos da prefeitura de Paracatu: 

1. A primeira motivação da greve dos funcionários da prefeitura é o salário do prefeito Vasquinho, considerado imoral: R$16 mil por mês, ou seja, 32 vezes o salário mínimo. O prefeito ganha por dia o que muitos funcionários da prefeitura não ganham por mês. Agora segura firme na cadeira. Andam espalhando em Paracatu que o salário do gerente-geral da mina da RPM/Kinross é R$60 mil por mês. Isso é o que andam espalhando, mas ainda que seja, digamos, metade disso, já seria o maior salário pago em toda a Paracatu, de 30 a 60 vezes o salário médio dos paracatuenses que trabalham na mina; algo entre 60 e 100 vezes o salário mínimo. Tudo bem - vão dizer alguns - isso é salário de iniciativa privada, não temos nada com isso. Concordo e discordo. É salário da iniciativa privada de uma empresa que está transformando nossa cidade e região numa privada de rejeitos. Essa é a iniciativa-privada da RPM/Kinross: destróem a nossa cidade e a nossa saúde, exploram as nossas riquezas e o nosso trabalho, de forma contundente, deixando seus excrementos para trás, e deixando cair da mesa do festim apenas algumas migalhas para o povo pobre, como instrumento de dominação. Quer maior imoralidade?

2. O salário médio dos funcionários de uma mina da Kinross nos Estados Unidos, segundo informado pela própria mineradora, é o equivalente a R$9.500,00 (nove mil e quinhentos reais) mensais. O salário médio dos funcionários da RPM/Kinross em Paracatu é R$1.000,00 (mil reais), ou seja, quase dez vezes menos. Alguns dirão: o custo de vida nos Estados Unidos deve ser maior, por isso o salário deles também tem que ser maior. Nada disso. O custo de vida em Paracatu é maior que o lá dos Estados Unidos. Apenas nós nos acostumamos com isso, aprendemos o estúpido ensinamento de que devemos ser pobres, para que outros sejam ricos. Outros dirão: então a mina da Kinross nos Estados Unidos deve ser muito mais rica que a mina da RPM/Kinross de Paracatu, por isso eles podem dar melhores salários. Nada disso, a mina de Paracatu é a mais rica de todas as nove minas que a Kinross explora no mundo. Mais de 60% (isso mesmo, sessenta por cento) de todas as reservas de ouro provadas da Kinross no mundo estão aqui em Paracatu. Então a Kinross é mãe dos funcionários da sua mina nos Estados Unidos, e madrasta dos funcionários da mina de Paracatu? Somos piores?? Trabalhamos menos??? Também não. Trabalhamos muito mais, por muito menos, e ficamos doentes. E ainda temos que aguentar patrão ameaçando demitir a gente, se não participarmos da passeata deles. É de chorar de raiva!!

3. Por essas razões, Vasquinho e RPM/Kinross estão apanhando do povo como nunca. A razão é simples. Em princípio, eles são a mesma coisa: exploradores do povo, maus patrões. A moda de viola de Serrano Neves e João do Ouro dá uma pista disso: "A riqueza é nosso ouro, que eles estão levando; a pobreza é o nosso couro, que eles estão tirando". Esses desgraçados estão tirando o nosso couro!!!! Eles estão tirando o nosso couro!!!!

Os funcionários da prefeitura começaram a greve. Os funcionários e fornecedores da RPM/Kinross devem aderir. O povo todo deve aderir. É a mesma greve. É a mesma cidade, o mesmo planeta, a mesma pobreza, a mesma miséria.

As greves mostram quem tem poder e quem manda. 

Quem tem poder e manda é o povo unido.
-- 
Sergio Ulhoa Dani
Reserva do Acangaú, zona rural
Caixa postal 123
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Brasil
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(+55 38) 9966-7754




4 comentários:

  1. Sr. Sérgio,
    Não sou funcionário público, mas sou totalmente favorável à greve deflagrada pelo funcionalismo em luta por melhores salários. Oxalá todos pudessem ter um salário digno, suficiente o bastante para atender pelo menos as necessidades básica.
    Muito feliz sua idéia de "convidar" os funcionários da RPM/Kinross a aderirem a greve, pois apesar de estarem na iniciativa privada, com certeza o salário que ganham não será suficiente para cobrir os gastos que terão com saúde.
    Vaamos ver se fazemos crescer essa corrente contrária a permanência dessa mineradora na nossa cidade. Vamos lutar para ter uma qualidade de vida melhor, sem o veneno que ela nos deixa.

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  2. Brado Povo Paracatuense....
    Paracatu não depente da atividade mineradora e sim a atividade mineradora que depende de Paracatu.... Sou totalmente a favor da paralisação das atividades da RPM.
    Se precisar vou pra rua... bradar...
    Precisamos nos indignar-mos mais...

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  3. Sou contra a paralização...........com paralização a empresa nao funciona

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  4. Estou um pouco atrasado, mas acredito que um comentário para o enriquecimento da discussão ainda é válido.
    Como o Sérgio mesmo disse, a atividade mineradora em Paracatu é uma iniciativa do setor privado. Uma greve não fará um efeito duradouro na Kinross. A mina pode ficar parada durante um mês, talvez mais, mas não irá passar disso. Ninguém iria arriscar deixar, como no texto mesmo explica, a mina mais lucrativa desativada. Eles não têem obrigações trabalhistas de melhorar o salário de ninguém. O contrato de trabalho é um acordo entre patrão e funcionário. Acordo. Quem não está satisfeito "pede pra sair". Deixo claro que não defendo a atividade mineradora no país e não concordo também com as concessões que o Governo Federal deu a este tipo de empresa. A solução não é colocar a empresa contra a parede e sim cobrar soluções de quem permitiu o comportamento empresarial sem escrúpulos. Este ano todos os mineiros tiveram a oportunidade de mudar a situação. O candidato a governador, José Fernando, tinha em seu plano de governo a reformulação da política da mineração em Minas Gerais. Acabou em nada.

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