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sábado, 29 de março de 2014

O tesouro venenoso de Paracatu: Prefácio à tradução

Prefácio à tradução (1), por Sergio Ulhoa Dani


Quando Thomas Fischermann contou-me que gostaria de fazer uma reportagem sobre a corrupção no Brasil, eu sugeri que visitasse Paracatu. A corrupção parece explicar como e porque, em pleno século 21, ainda se permite a operação de uma mina de ouro e arsênio em um território urbano habitado por 80 mil pessoas, nas cabeceiras de uma das mais importantes bacias hidrográficas de um país de dimensões continentais como o Brasil.

Pagamentos facilitadores, ganância fútil, ignorância útil e violência de toda sorte são os elementos corrompedores de que a mineradora canadense Kinross Gold Corporation tem se valido para perpretar um verdadeiro e persistente genocídio em Paracatu e região. A Kinross montou uma rede de apoio constituída de empresários, políticos, órgãos e agências governamentais canadenses e brasileiras, mídia, juízes, polícia, ministério público, até certas ONGs ambientalistas.

O empreendimento mortífero da Kinross em Paracatu tem alcance internacional, seja porque financiado e apoiado pelo governo canadense, seja porque instrumentalizado por empresas transnacionais como Caterpillar/Bucyrus, Siemens, DuPont, seja porque uma fração das centenas de milhares de toneladas de arsênio liberadas da rocha dura pela mineração da Kinross em Paracatu espalha-se pelo mundo através do ar, da água e da cadeia alimentar, atualmente e durante os próximos séculos, causando desequilíbrios ambientais, pobreza, doenças e sofrimento humano.  

A publicação dessa reportagem altamente interessante no jornal alemão Die Zeit, assinada por esse jornalista premiado, Thomas Fischermann, ilustrada com fotos de tirar o fôlego do também premiado fotógrafo Giorgio Palmera contribui para o esclarecimento da opinião pública internacional sobre a corrupção envolvida na mineração de ouro e o drama de vida e morte das pessoas afetadas pela destruição do ambiente e a intoxicação crônica pelo arsênio.

Antes e durante sua visita a Paracatu, Fischermann e Palmera contaram com a colaboração de inúmeras pessoas, muitas das quais são citadas nominalmente na reportagem. Essas pessoas nunca foram ouvidas nos processos de tomada de decisão que afetam diretamente sua própria vida.  A reportagem de Fischerman contribui para corrigir essa injustiça. Infelizmente, uma dessas pessoas faleceu antes de ver a reportagem publicada, e lamentamos profundamente a morte desse amigo e colaborador, e a falta que ele fará: Martin Wilhelm Kühne.

Na tradução da reportagem que preparei a seguir, incluí algumas notas de tradutor a título de esclarecimento sobre aspectos idiomáticos, sócio-ambientais e científicos.

Bremen, primavera de 2014
LD Dr.med. DSc. Sergio Ulhoa Dani


Notas do tradutor:


(1) Der giftige Schatz von Paracatu. Von Thomas Fischermann, mit Bilder von Giorgio Palmera. Die Zeit Nr. 13, 20. März 2014, Wirtschaft/Seiten 30-31. Hamburg, Deutschland. Versão online publicada 28.03.2014: http://www.zeit.de/2014/13/goldmine-paracatu-brasilien-rohstoff  . Die Zeit (pronúnica alemã: [diː ˈtsaɪt], literalmente “O Tempo”) é um jornal alemão semanal respeitado por sua qualidade jornalística. Com uma tiragem de 504.072 no segundo semestre de 2012 e mais de 2 milhões de leitores, Die Zeit é o jornal semanal mais amplamente lido na Alemanha.

Leia a reportagem, por partes:

http://www.alertaparacatu.blogspot.com/2014/03/o-tesouro-venenoso-de-paracatu-parte-i.html http://www.alertaparacatu.blogspot.com/2014/04/o-tesouro-venenoso-de-paracatu-parte-ii.html http://www.alertaparacatu.blogspot.com/2014/04/o-tesouro-venenoso-de-paracatu-parte-iii.html
http://www.alertaparacatu.blogspot.com/2014/05/o-tesouro-venonoso-de-paracatu-parte-iv.html

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