Uma
audiência pública foi realizada ‘de surpresa’ ontem, dia 18.03.2014 na Câmara
Municipal de Paracatu, MG, Brasil. Na pauta: ‘apresentação de um estudo
epidemiológico sobre contaminação por arsênio’.
‘Para
um estudo epidemiológico num território habitado, parece que faltou incluir
pessoas’, comentou Serrano Neves, ao ler uma nota que circula na internet sobre o teor (ou falta de
teor?) da audiência.
Já
se vão mais de 5 anos desde que solicitamos – mediante um pedido administrativo
e uma Ação Civil Pública – a realização de um estudo epidemiológico
clínico-laboratorial da intoxicação crônica da população pelo arsênio e outros
venenos liberados pela mineradora canadense Kinross Gold Corporation (TSE-K; NYSE-KGC) na cidade de
Paracatu e região.
Esse
tempo é demasiado longo para um desenlace tão exdrúxulo e pífio. Isso foi o
melhor que puderam fazer com o tempo e o dinheiro público investido? Um estudo envolvendo milhares de pessoas sob risco de intoxicação crônica
por arsênio com sérias consequências à saúde não pode ser tratado com negligência.
Por
que usaram equipamentos e medições ambientais da própria empresa poluidora, a
Kinross?
Qual
a metodologia clínico-laboratorial e epidemiológica utilizada para refutar a
hipótese nula: nenhuma intoxicação crônica da população?
Qual
o número mínimo de pacientes recrutados e efetivamente examinados?
Que
grupos-controles foram utilizados?
Onde
estão os resultados preliminares, usando metodologia adequada?
Onde
estão as medidas de morbimortalidade relacionada ao arsênio no compartimento
humano?
Qual
é a incidência e prevalência da arsenicose e suas manifestações em Paracatu?
O
estudo foi submetido a uma revista especializada com corpo editorial, ou
publicado?
Foros adequados para discussão de estudos científicos são os congressos, as revistas
científicas com corpo editorial e a correspondência entre cientistas. O
julgamento do mérito de um estudo é atribuição dos pares científicos, não dos
políticos.
Como
costuma acontecer em ‘audiências’ políticas sobre assuntos científicos, também
essa ‘audiência surpresa’ parece ter atingido um objetivo: confundir e esquivar, em vez de enfrentar e esclarecer.
Uma
coisa é certa: ‘a ausência da prova não é prova da ausência’.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Aguardamos seu comentário.