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sexta-feira, 29 de novembro de 2013

A verdade sobre o arsênio em Paracatu

LD Dr.med. D.Sc. Sergio Ulhoa Dani, de Göttingen, Alemanha.

Os níveis de arsênio na cidade de Paracatu eram normais antes do início da mineração de ouro a céu aberto no Morro do Ouro, localizado dentro do perímetro urbano da cidade.

A operadora da mina, a mineradora Kinross Gold Corporation aumentou os níveis de arsênio nas águas superficiais na bacia do Córrego Rico e Santa Rita, em mais de cem vezes (de 0-2 ppb até 180 ppb).

Os níveis de arsênio no solo e no ar de Paracatu estão 30 vezes até 400 vezes acima dos níveis capazes de causar doenças graves como mutações genéticas, abortos, câncer e doenças mentais nas pessoas crônicamente expostas.

Um estudo científico financiado pela Kinross Gold Corporation e publicado em 2011 comprova que o arsênio que essa mineradora libera em Paracatu está bioacessível, isso significa que a Kinross sabe que você e seus descendentes estão sendo envenenados por ela.

Em outras palavras, tudo indica que temos um genocídio em andamento em Paracatu.

Os cientistas estão fazendo seu trabalho de esclarecimento. Cuide-se. Procure os jornalistas corajosos, os políticos honestos, os promotores de boa vontade, os juízes íntegros, os médicos e os advogados competentes. Defenda-se dos genocidas.

Referências:

RPM-Kinross Gold Corporation, report provided on page 604 of the civil action moved against Kinross by the Acangau Foundation, Paracatu, Brazil.

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RPM-Kinross Gold Corporation, report provided on page 1338 of the civil action moved against Kinross by the Acangau Foundation, Paracatu, Brazil.


Estimate calculation: 50 micrograms/m3 (i.e., annual average of particulate material, as reported by Kinross Gold Corporation from measurements taken in 5 Raivol equipments in different sites in Paracatu town) x arsenic concentration in the dust (i.e., 1-1.5 ng/microgram). This information was provided in the Civil Action moved against Kinross by the Acangau Foundation, Paracatu, Brazil. Kinross’ EIA-RIMA prepared by Brandt Meio Ambiente, p. 884.


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sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Trabalho de formiguinha

Sergio U. Dani, de Göttingen, Alemanha.


Cyatta abscondita, a formiguinha discreta. Foto: Sosa-Calvo et al, 2013.  

Cyatta abscondita, uma formiguinha agricultora muito discreta foi redescoberta na Reserva do Acangau. O ‘trabalho de formiguinha’ foi realizado por uma equipe de cientistas brasileiros e norte-americanos, entre os quais o Professor Heraldo Vasconcelos, da Universidade Federal de Uberlândia, e publicado no último número da revista PloS ONE.

O nome escolhido para o gênero ‘Cyatta’ é um neologismo construído pela expressão tupi ‘Cy’, que significa ‘irmã’, e ‘atta’, uma referência ao parentesco das Cyatta com as saúvas mais conhecidas do gênero Atta. O nome da espécie, ‘abscondita’ refere-se à natureza extremamente discreta dessa espécie. Após ter sido reconhecida, em 2003, a partir de um número reduzido de raros exemplares, a espécie só foi redescoberta depois de múltiplas tentativas frustradas de localizá-la no campo. Essa formiguinha de menos de 3 milímetros de comprimento é difícil de ser apanhada em armadilhas geralmente usadas para capturar formigas.


Formigas são organismos sociais muito antigos no esquema de evolução das espécies pela seleção natural. Através da análise do DNA, os cientistas calcularam que o gênero Cyatta existe há surpreendentes 26 milhões de anos. Quais seriam as estratégias secretas de sua sobrevivência? 


As diminutas Cyatta constituem colônias de 20 a 26 operárias. Elas adotam uma estratégia também adotada por algumas parentes da América do Norte, Caribe e América do Sul: cultivar fungos dos quais elas se alimentam. Os jardins de fungos são cultivados suspensos no teto de pequenas câmaras subterrâneas escavadas a uma profundidade de até 2 metros. Para um animalzinho tão discreto, trata-se de um desempenho extraordinário. O segredo do sucesso? Prevenção, trabalho de equipe e discrição.



Referência:

Sosa-Calvo J, Schultz TR, Brandão CRF, Klingenberg C, Feitosa RM, Rabeling C, Bacci Jr. M, Lopes CT, Vasconcelos HL (2013) Cyatta abscondita: taxonomy, evolution, and natural history of a new fungus-farming ant genus from Brazil. PLoS ONE 8(11): e80498. doi:10.1371/journal.pone.0080498