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domingo, 15 de novembro de 2009

Direitos humanos: para minorias, maiorias, totalidade ou globalidade?

Direitos humanos: para minorias, maiorias, totalidade ou globalidade?

Por Sergio Ulhoa Dani, de Göttingen, Alemanha, 14 de novembro de 2009

Somos levados a acreditar que “direitos humanos” é algo praticado por
“organizações alternativas” ou “pequenos grupos de interesse” para a defesa
de “minorias étnicas e raciais”, ou “grupos marginais”, como se tais
minorias existissem. As ciências da genética, do meio ambiente e a economia
nos ensinaram que estávamos errados. A genética nos ensinou que não existem
minorias, nem raças; somos todos uma só família humana. A ciência do meio
ambiente nos ensinou que a degradação ambiental local tem efeitos sistêmicos
que afetam todos no planeta, mais cedo ou mais tarde. A economia, que muitos
acreditam não ser uma ciência, nos mostrou que as crises financeiras como as
que vivemos atualmente têm suas raízes profundamente plantadas nos ciclos
ambientais naturais e na própria natureza humana. E o que tem tudo isso a
ver com direitos humanos?
Hoje estive presente à cerimônia de entrega do Prêmio Victor Gollancz de
direitos humanos, na sede da Sociedade para os Povos Ameaçados (GfbV). Os
agraciados este ano foram o CIMI-Conselho Indigenista Missionário ligado à
Igreja Católica no Brasil, e a MEMORIAL, organização independente da
sociedade russa. Certamente fiquei contente com a escolha do CIMI, mas quem
deu a inspiração para este artigo foi Oleg Orlow, que recebeu o prêmio em
nome da MEMORIAL.

“Estamos vivendo tempos difíceis na Rússia. Sofremos incompreensão,
perseguição e assassinatos”, falou Orlow. Em agosto desse ano, Zarema
Sadulajewa, ativista que Orlow comparou com a alma da MEMORIAL, e seu marido
Alik Dzhabrailov, ambos de apenas 33 anos foram seqüestrados e assassinados
por protegerem crianças e vítimas da guerra da Tschetschenia e do governo
terrorista do presidente Ramsan Kadyrow, apoiado pelo Kremlin. “Zarema
estava grávida”, desabafou Orlow. “Ficamos tristes e chocados, mas nosso
trabalho continua. É preciso mostrar à sociedade a importância do respeito
aos direitos humanos para o futuro do nosso país”, concluiu.

Oleg Orlow compreende a importância dos direitos humanos para o futuro do
país! Ele não fala da importância dos direitos humanos para minorias ou para
a maioria. Ele fala na totalidade, e no futuro! Ele e seus colaboradores
estão convencidos do que falam, a ponto de arriscarem suas próprias vidas na
defesa dessa convicção.

Da Argentina, ouço uma mensagem da nossa avó Mapuche. Os direitos humanos de sua
tribo perdida nos Andes estão sendo desrespeitados pela mineração que
contamina o ar, a água e os solos e mata as crianças pelo envenenamento
crônico. Essa nossa avó compreende o alcance global daquele erro. Entre
lágrimas, ela afirma que todos pagaremos caro, mais cedo ou mais tarde. Em
outras palavras: direitos humanos para a globalidade.
--
Sergio Ulhoa Dani, Dr.med., D.Sc. habil.
Göttingen, Germany
Tel. 00(XX)49 15-226-453-423
srgdani@gmail.com

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