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quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Quem quer veneno?



Quem quer veneno?

Quando se trata da morte ou desgraça alheia, cegos, surdos, incompetentes ou bem abastecidos acham que está tudo certo

Por Sergio Ulhoa Dani

Para a FIEMG-Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais e a
SEDE-Secretaria de Desenvolvimento Social do governo Aécio Neves, algumas
centenas de milhões de investimento de uma transnacional canadense
compensarão plenamente as dezenas de bilhões de perdas econômicas e milhares
de vidas de cidadãos brasileiros.

Em troca da destruição e da contaminação do solo e da água com um milhão de
toneladas de arsênio, o governo de Aécio Neves informa que a transnacional
canadense Kinross Gold Corporation vai dar roupas e instrumentos musiciais
para os negros quilombolas que estão sendo expulsos de suas terras a fim de
abrir terreno para uma gigantesca barragem de rejeitos tóxicos da mineração
de ouro em Paracatu. Quem sabe assim os quilombolas vão poder cantar e
dançar, felizes e vestidos, até o último cair morto na terra apodrecida?

Relatório conjundo FIEMG-SEDE revela a total negligência, incúria,
incompetência e erro de um punhado de burocratas bem abastecidos que se
julgam no direito e na capacidade de emitir pareceres sobre assuntos que
afetam a vida e a morte de milhares de pessoas, para atender aos interesses
de uma transnacional canadense criminosa.

Segundo os "especialistas" da FIEMG e da SEDE, os rejeitos que a Kinross
pretende despejar no Vale do Machadinho, a verdadeira caixa d'água da cidade
de Paracatu, "não são perigosos". Eles sequer mencionam a palavra "arsênio"
no seu relatório simplório. É como tapar o sol com a peneira.

A mina de ouro em processo de expansão e licenciamento em Paracatu é a maior
do Brasil, a que tem os menores teores de ouro e as maiores taxas de
liberação de rejeitos tóxicos do mundo. Estima-se que serão 1 bilhão de
toneladas de rejeitos contendo 1 milhão de toneladas de arsênio, veneno
suficiente para matar dez vezes a população humana atual do planeta Terra.

Os "especialistas" e os "mágicos" a serviço de Aécio Neves e da Kinross,
talvez zelosos no cumprimento dos seus papéis de capatazes ou carrascos,
fizeram desaparecer o problema, como se ele não existisse.

Enquanto isso, no Rio de Janeiro, Eike Batista, antigo proprietário da mina
de Paracatu, ouve a declaração emocionada de amor do filho mais velho,
durante a cerimônia de entrega da Medalha Santos Dumont ao seu pai-herói.
Para Thor Batista, seu pai Eike "é um ídolo e uma referência do que é
certo". Se ele se refere ao fato de Eike ter passado o mico da mina de
Paracatu adiante para a Kinross, ele provavelmente acha que está tudo certo.
Afinal, quem vai querer um milhão de toneladas de arsênio?

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P.S.: Envio, anexos, os pareceres do MP e da FIEMG-SEDE sobre o "relatório
único" da SUPRAMNOR, que abre caminho para o licenciamento de uma mega
barragem de rejeitos tóxicos da RPM/Kinross Gold Corporation em Paracatu-MG.
Será que a comunidade vai comparecer à reunião do COPAM na sexta-feira
próxima, dia 21 de agosto, mês de cachorro-louco? Seria muito importante.
Será que a terra vai apodrecer com o parecer da FIEMG-SEDE, ou teremos
desfecho melhor com o parecer do MP?
--
Sergio Ulhoa Dani
Tel. 00(XX)49 15-226-453-423
srgdani@gmail.com

2 comentários:

  1. processo absurdo cheio de sacanagem, tem documento jurídico contrário que foi escondido, funcionário que foi transferido por causa do parecer, documento que pede a retirada do nome do laudo da supram, asssedio moral contra os servidor que se manifesta contráriamente... ação civil correndo na promotoria... apuração de improbidade administrativa... isso ninguem fala... tomara que sexta isso seja lembrado.. é so perguntar ao mauro...

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  2. Não há necessidade de se expor a essa "toxidade". A sugestão é comparecer na reunião e "encarar" os julgadores, olhando nos olhos deles com cara de "eu sei". Mesmo que não influa no resultado do julgamento poderá balançar a consciência deles e criar um "grilo" para atormentá-los.

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