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Revista americana publica estudo sobre efeitos graves da mineração de ouro em Paracatu

Artigo publicado online em 27 de março de 2019, pela revista especializada “Environmental Justice”: https://doi.org/10.1089/env.2018.0039


Geocídio, ecocídio e efeitos tipo genocídio da mineração de ouro a céu aberto de topo de montanha em larga escala na periferia de Paracatu, Brasil. 
Sergio Ulhoa Dani, Claudio Renato Genaro Malavolta, Marcio José dos Santos, Paulo Maurício Serrano Neves (†) e Laure Terrier
(†) Im Memoriam


Tradução do resumo do artigo: 
Em 1987, iniciou-se a mineração de ouro em larga escala a céu aberto, nos subúrbios da cidade de Paracatu, Minas Gerais, Brasil. As rochas duras da mina contêm minério com baixa concentração de ouro (média 0,4 g de ouro / tonelada de minério) e quantidades anormalmente elevadas de arsenopirita (FeAsS, média 1000 g/t de minério). Desde 2005, a mina tem sido operada exclusivamente pela canadense Kinross Gold Corporation (KGC-NYSE, K-TSX) através de sua subsidiária local. As atividades de mineração mal controladas liberam arsenopirita e seus produtos de intemperismo das rochas nas formas de partículas, gás e solutos que contaminam o ar, solos, águas superficiais e águas subterrâneas. Até 2016, o rendimento acumulado de arsênio inorgânico da mina foi estimado em 735.000 toneladas. Neste artigo, apresentamos a primeira série de casos sentinelas de intoxicação crônica por arsênio (CAsI) em Paracatu. Apesar das evidências crescentes de degradação ambiental generalizada, contaminação ambiental em grande escala, intoxicação em massa crônica e persistente e abuso dos direitos humanos, uma série de ações judiciais, públicas e privadas não conseguiu interromper as atividades da Kinross em Paracatu. O contínuo desastre ambiental e humanitário e os abusos ilegais em Paracatu que degradam o meio ambiente e vitimizam milhares de pessoas prosperam incontestes e não podem ser interrompidos localmente devido à conivência dos agentes com grandes interesses econômicos, poderosas interferências políticas, pagamentos facilitadores, cegueira deliberada e “lavagem-verde” toxicológica.